quinta-feira, 28 de julho de 2022

  

Imagem Tomar na rede, com os nossos agradecimentos

Só o Flecheiro é que está em leito de cheia ?

Os técnicos superiores, que se julgam superiores só por ostentarem essa categoria, conseguem quase sempre arranjar problemas onde eles não existem, em geral só para justificarem opções pouco aceitáveis. A autarquia tomarense é um dos organismos públicos que padece de tal moléstia há mais de uma década. E isso nota-se. Basta abordar qualquer matéria sensível, para logo surgirem, frontal ou lateralmente, as tais justificações puxadas pelos cabelos, com apoio de eruditas fórmulas técnicas.

Tomar a dianteira abordou na crónica anterior as previstas obras para o Flecheiro. Fê-lo de forma ligeira,  irónica, para melhor evidenciar algumas lamentáveis lacunas do projecto. A resposta dos senhores técnicos superiores não tardou, via eleitos do executivo, cuja competência técnica na área do urbanismo e das obras é bem conhecida.

Referiu-se na dita crónica que o citado projecto ia ser discutido "lá em cima e depois transmitido cá para baixo", que não incluía auditório nem palácio de congressos, não havendo sequer menção a edificação de instalações sanitárias. No mesmo dia, houve resposta indirecta. E que resposta: https://radiohertz.pt/tomar-eis-o-projeto-para-o-novo-flecheiro-lancamento-do-concurso-publico-para-a-requalificacao-foi-aprovado-por-unanimidade/ Em resumo, deduz-se que: 

1 - O projecto é excelente, porque foi aprovado por unanimidade. Como se tal não fosse norma da casa, com este PSD que temos desde 2013.

2 - O que lá falta, designadamente auditório e instalações sanitárias, resulta do facto daquele terreno se encontrar em "leito de cheia", o que até vai obrigar a dotar o previsto parque infantil com equipamentos amovíveis.

Que tenham a bondade de desculpar todos aqueles que se sintam de alguma forma atingidos, mas não consigo dizer de outro modo: trata-se de uma rematada parvoíce, sem qualquer base técnica séria: "Não obstante a legislação em vigor referir apenas a delimitação de leitos de cheia com base em cheias centenárias, inclui-se na análise efectuada também a cheia com período de retorno de 500 anos, cuja adopção é, por exemplo, seguida nos USA, no âmbito de medidas de protecção contra cheias (Saraiva 1987)" www.civil.ist.utl.pt

Por conseguinte e abreviando, por se tratar de um texto para leitores comuns, a balela do "leito de cheia" para justificar seja o que for, nomeadamente a falta do auditório,  do palácio de congressos, ou os equipamentos amovíveis do parque infantil, não tem qualquer base técnica aceitável. Se tivesse, o próprio Mercado municipal e toda a baixa nabantina, do Largo do Pelourinho à rotunda ao fundo da Av. Nun'Álvares, estão em  leito de cheia, sem qualquer dúvida. Basta atentar nos nomes dados aos dois extremos da cidade velha: Várzea pequena  e Várzea grande. Quem domine de forma aceitável a língua portuguesa, na sua versão europeia, não pode ignorar que várzea = terreno fértil inundável na margem de um rio, geralmente usado para cultivar arroz, por exemplo.

 Em caso de dúvida eventual, há até registos escritos de duas inundações, na ombreira esquerda da porta de entrada da Farmácia Torres Pinheiro, na Corredoura, (cheia de 22/12/1909), e na esquina do Restaurante Bela Vista, na Rua Larga (cheia de 19 /11/1852), que são esclarecedoras. Por conseguinte, senhores de cima, avancem com outra argumentação, que esta não convence. Os previstos equipamentos amovíveis do parque infantil, que nada de sério justifica, serão apenas mais um objectivo apetecível para os amigos do alheio. Como as grelhas metálicas dos sumidouros. 

Em conclusão, por favor deixem-se de argumentações esdrúxulas e tratem de servir os tomarenses o melhor possível, equipando a cidade e o concelho com o indispensável, pois é para isso que são pagos. Não para andarem a enganar o povo. Valeu?


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