sábado, 16 de julho de 2022


Estamos assim

Com tendência para piorar

E os tomarenses todos contentes

Ou pelo menos calados. E pagando pontualmente impostos e outras despesas. Como a água, por exemplo, uma autêntica pechincha em tempos de penúria. Entretanto, em vez de fazer aquilo para que foi eleita -resolver os problemas dos residentes no concelho e dos visitantes- desde 2013 que a Câmara vem mostrando que tem uma agenda muito própria.

Que agenda própria? Tanto quanto se consegue perceber, pois deixou de haver informação livre, desde que passou a existir só informação com açaimo municipal, essa tal agenda consiste em levar a  efeito dois movimentos, simultâneos no tempo e no espaço -silenciar a crítica, sobretudo se honesta, e levar a efeito festas, festarolas e outros eventos, susceptíveis de assegurar votos favoráveis na altura devida. Ou pagar os votos anteriores.

Temos assim uma situação ímpar no país. Há problemas sérios de estacionamento, segurança, sanitários e acolhimento de visitantes e residentes motorizados, como veio demonstrar o recente protesto dos motoristas TIR aqui residentes, mas para isso a Câmara não tem soluções, nem vontade de as procurar, quanto mais agora implementar.

Em contrapartida, antes da pandemia, um descuido da manhosa liderança do turismo local, permitiu mostrar o óbvio. Ao estabelecer entradas pagas para um evento dito de "estátuas vivas", a autarquia tornou possível uma quase imediata auditoria do evento pela informação local, na altura ainda parcialmente sem açaimo. Soube-se assim que houve um decréscimo de 4 mil visitantes de um ano para o outro. Uma vergonha, posto que no ano anterior já havia registo de apenas 12 mil forasteiros pagantes. Muito menos que os alegados milhares e milhares. Para não mencionar o suposto e fabuloso milhão dos Tabuleiros. Hão-de custar mais de um milhão, lá isso é verdade. Mas quanto a visitantes, nem coisa parecida. E como não pagam, tanto faz muitos como poucos. Adiante.

Foi portanto um fracasso, sem apelo nem agravo e devidamente documentado. O que então impediu a liderança local destas coisas, de propagandear um grande sucesso, como anda agora a tentar fazer com a Templeirada. Mas não se ficou a dormir. Durante os anos seguintes, mesmo com o confinamento, o tema foi ponderado e reponderado, ao invés dos problemas básicos do concelho. E a solução apareceu. Luminosa como a luz das manhãs nabantinas em época de fogos próximos.

Em vez de festival de estátuas vivas, vamos ter, já em Setembro próximo, um "festival de artes de rua". Naturalmente com as mesmas estátuas vivas do fracasso, mas com mais umas achegas e respectivos custos. Entre essas achegas, decerto procurando ombrear com Nova Iorque, Paris, Pequim ou Madrid, vai haver também "street food". Comida rápida, ou mangedouras de rua, também conhecidas como sandes, petiscos ou acepipes, para usar termos portugueses. O clássico em qualquer rua popular de Hanói ou Mandalay, lá para as bandas do Mekong. Muito original, sem dúvida. Mas como entretanto também já tivemos a noite das asiáticas lanternas luminosas no Nabão, deve ser fruta da época que atravessamos...

Desconhece-se a génese de tal ideia, que pode muito bem vir a encher o Mouchão e a Corredoura de cozinheiros de ocasião e outros de oportunidade, a tentar vender gato por lebre, misturados com outros do mais sério que há, quando o espaço ideal para essas coisas seria a Mata dos 7 Montes, ali junto ao parque infantil. Mas há o exemplo, e na terra do penacho ninguém quer parecer menos que o Congresso da sopa. Vaidades.

Noutra terra, do norte por exemplo, os industriais do sector alimentar, vulgo tascas e restaurantes, já teriam feito ver à senhora vereadora e à senhora presidente que é cada vez mais difícil ir conduzindo a barca respectiva em tempos normais, quanto mais agora com a concorrência desleal de quem foge aos impostos como o diabo foge da cruz. Porque a triste realidade é esta: Para que servem e a quem aproveitam os eventos de promoção, se os próprios visitantes também vêm fazer negócio e beneficiam de algumas benesses, legais ou não, a que os residentes não têm acesso?

3 comentários:

  1. Acabem de VEZ com o Mouchão !!!
    Porque não a Várzea Grande ! Já tem um quiosque e WCs do século 21 mas fechadas !
    A Acitofeba não tem nada a dizer em defesa dos investimentos feitos na Cidade por parte dos empresários da Restauração !

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  2. Calhou mesmo bem este comentário de José Oliveira, sobre os WCs fechados da Várzea grande. Acabo de ler na rádio oficial da câmara que a Mata dos 7 montes vai continuar fechada, no âmbito do plano nacional de contingência.
    Tanto no caso dos Wcs como no da Mata, com o encerramento compulsivo procura-se evitar que "possa haver merda". E nos WCs em geral isso é inevitável, em muitos casos. Com a agravante de depois haver cada vez menos gente disposta a assegurar a respectiva limpeza.
    Está portanto explicado o fecho prolongado dos WCs, bem como a demolição de alguns.
    E desconfio bem que o quiosque da Várzea grande também ainda não abriu, para evitar que "haja merda". Tudo se explica nas terras pequenas.

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  3. Fui criado e educado a calcular os custos da minhas atitudes !
    Assim em casa dos meus pais não foi só preciso arranjar dinheiro para comprar a primeira máquina de lavar roupa mas também prever os custos de utilização futura .
    Numa autarquia não é só preciso ter dinheiro para os WCs ,para jardins ,para o quiosque ,para a biblioteca ,para o museu !
    Quais os custos variáveis e fixos de tudo isto ?
    Faz pensar, e pensar dá trabalho !!!
    No dia tal lá vai cair o nosso dinheirinho na conta ordenado !

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