Aqui há dias, uma daquelas almas muito sensíveis, que povoam as redes sociais nabantinas, decretou num seu comentário, em linguagem de moço de estrebaria, e falando do autor destas linhas, "o gajo está sempre a refilar que não há sanitários porque é velho e a próstata não perdoa." Deixando de lado a elegância da prosa e a sensibilidade do tema, parece evidente que o comentador em questão nem saberá que "gadjo" é a palavra calé (o dialecto dos ciganos) para designar quem não pertence àquela etnia. Será portanto um "gajo" este vosso servidor. Sucede contudo que, em bom português popular, "gajo" é também um indivíduo pouco recomendável, básico mesmo, o que, perdoe~se-me a imodéstia, não parece ser o caso. Ou seja, estamos perante um escrito pertinente, de alguém que manifestamente nem sabe bem o que escreveu, em termos de interpretação possível. E que tende a confundir sapatos finos com botas grossas. Mas adiante.
A outra vertente do citado escrito é a implícita condenação de um cidadão idoso, por reivindicar a instalação, na área urbana, de sanitários em quantidade e qualidade. Quais são afinal as necessidades dos idosos, num concelho de velhos como o nosso, ou noutro qualquer? Passeios largos, jardins, bancos, bebedouros, sombras e sanitários? Ou pistas cicláveis, campos de jogos e skatódromos? Lendo o infeliz comentador, nem parece tratar-se de um "compagnon de route" de quem nós sabemos, formação política reivindicativa por excelência. Mas é.
Por falar em sanitários, aqui há 50 anos, havia-os junto a S. Gregório (estão fechados), no Mouchão (foram demolidos), no Cine-Esplanada (foram demolidos) sob a bancada central do estádio (foram demolidos), na Levada, do lado norte das Finanças (foram demolidos), junto à igreja da Graça (foram demolidos), na Travessa da Misericórdia (foram demolidos), na Rua da Fábrica de fiação (estão em ruínas) e na Cerrada dos Cães (estão fechados e foram substituídos por outras instalações sanitárias, às quais só se pode aceder passando pela cafetaria).
Entretanto foram instalados três novos sanitários. Nos anexos ao ex-estádio, junto a Santa Maria e na Mata dos sete Montes. Há também as sentinas remodeladas da Várzea grande, que até agora só têm funcionado durante os eventos ali realizados, bem como as renovadas sentinas públicas da Calçada de S. Tiago, sempre limpas e abertas. (O leitor sabe onde é?). Em contrapartida, o projecto agora aprovado para o Flecheiro, uma autêntica pechincha de só três milhões de euros, não prevê instalações sanitárias, talvez por se tratar de um preço final muito em conta.
Durante o mesmo período, desde 1974, os funcionários municipais nabantinos, por exemplo, passaram de pouco mais de 100 para 500 e tantos, e apareceram as pistas cicláveis, bem como os skatódromos e os parques infantis. Deve deduzir-se que agora os cidadãos não mijam, nem o resto? Só praticam desporto, e fazem filhos? Infelizmente, nem uma coisas nem outra. Limitam-se a procurar fazer o menos possível, quando são funcionários públicos sem profissão técnica definida.
Oh terra complicada! Tão pequena, tão complexa e mesmo assim a encolher de dia para dia, em termos demográficos e de equipamentos básicos. E ninguém nos acode? Façam lá um esforço. Pensem nisso, por favor, enquanto vou ali aliviar-me.
Caro Rebelo! Algo não está bem! Não consigo publicar
ResponderEliminarNos blogues da Google é assim. Há exame prévio. Tem de se escrever e aguardar que o administrador carregue no ícone respectivo.
EliminarObrigado por me ter defendido no Tomar na rede. Foi tempo perdido. Aquela criatura não está bem há já algum tempo.