domingo, 17 de abril de 2016

A lixeira autárquica

A notícia é da Rádio Hertz, na prática o único órgão de informação local que acompanha com algum rigor e regularidade a actividade da autarquia. Em entrevista, o vice-presidente Hugo Cristóvão, por quem tenho muita estima e consideração, declarou àquela rádio  que vai ser muito difícil apurar responsabilidades num estranho e condenável caso de perdão de dívidas por parte dos SMAS, a consumidores de elevado poder de compra. Acrescenta a notícia que os factos ocorreram em 2009/2010 e foram denunciados pelo vereador Pedro Marques na reunião camarária da passada segunda feira.
Temos assim, como tomarenses-eleitores-contribuintes-consumidores-explorados pelos SMAS que:
1 - Há seis ou sete anos os serviços municipalizados de Tomar perdoaram, sem qualquer cobertura legal, dívidas a consumidores de água com recursos para as pagar, uma vez que ao que consta se tratou de consumos provenientes de rega de jardins e enchimento de piscinas. Porquê?
2 - O vereador Pedro Marques, único autarca ainda em funções que já nessa altura integrava o executivo municipal, só agora achou oportuno denunciar a referida prevaricação. Porquê?
3 - Em vez de primeiro mandar, como lhe compete, apurar responsabilidades através do indispensável inquérito administrativo, para depois punir os responsáveis que são funcionários, uma vez que executaram sem protestar por escrito ordens manifestamente ilegítimas porque sem cobertura legal, o vice-presidente da autarquia limita-se a dizer por antecipação que "por muito que nos custe, vai ser muito difícil apurar responsabilidades". Porquê?
No estado actual das coisas e até novas informações substantivas, tudo isto configura, uma vez mais, uma situação de manifesta lixeira autárquica, no duplo sentido do termo. Lixeira autárquica, pois estes autarcas que temos, embora sendo bons cidadãos e boa gente, como políticos já deviam estar na lixeira da História, por manifesta inadequação ao mundo actual e às suas tranquibérnias. Lixeira autárquica outrossim, visto que, uns conscientemente, outros sem disso sequer se darem conta, andam afinal todos  a procurar governar-se, mas também a lixar os cidadãos pagadores que somos todos nós. Até quando?
Até ao dia em que os eleitores tomarenses decidirem finalmente deixar de se comportar como um rebanho manso e calado. Julgo que é bem capaz de levar o seu tempo...

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