Isto anda tudo trocado na política autárquica. O rio Nabão corre em Tomar mas é em Viseu que há autarcas nabos. Vejam só e vejam bem: Acabar com o trânsito automóvel e o estacionamento nas ruas do centro histórico de Viseu! Que raio de ideia mais estapafúrdia! Que patetice, senhores! Os automóveis e a respectiva circulação urbana fazem parte da paisagem citadina. São património histórico que é imperativo proteger. Assim parece pensar quem preside em Tomar. Deixem-se portanto de heresias contra a ordem natural das coisas. Suspendam sine dia esse concurso que agora anunciam e venham mas é aprender a Tomar, a veneranda capital templária.
Felizmente que na terra gualdina, onde é visível que a população respira felicidade por todos os poros, temos um excelente exemplo de uma empreitada que já vai em mais de seis milhões de contos e permite que na prática a autarquia tenha agora um parque de estacionamento mesmo à ilharga, continuando porém tudo como anteriormente. Graças a Deus, e à notável acção dos sucessivos autarcas, os tomarenses que habitam no Centro histórico continuam a poder beneficiar de trânsito e estacionamento à porta. Mesmo nas ruas mais estreitas, do tempo das carroças. Onde alguns moradores -raros é verdade- até reservam os seus lugares de estacionamento. Ou estacionam em cima dos passeios. Lugares cativos portanto. A demonstrar que, havendo boa vontade dos senhores autarcas, tudo é possível. Mesmo o insólito e inadmissível, porque abusivo.
E nem sequer valerá a pena preocupar-se com os autarcas que venham a seguir, senhores edis da terra de Viriato. Esses farão decerto como em Tomar. Procederão como o Pangloss, o imortal personagem de Voltaire. Dirão que tudo vai bem no melhor dos mundos possíveis. Guardarão de Conrado o prudente silêncio e, quando lhes forem pedidos esclarecimentos ou solicitada a consulta do controverso processo ParqT, alegarão que continua em segredo de justiça. Há anos que é assim.
Fumos de corrupção?! Nem pensar! Isso é coisa para a América Latina. Sobretudo no Brasil. Que, como é sabido, foi descoberto, colonizado e povoado inicialmente por ingleses e nórdicos em geral...
Caixas de robalos por baixo da mesa? Que não! Que não! Há apenas a registar o caso do vereador que celebrou contratos com a Águas do Centro e quando terminou o mandato foi para lá trabalhar. O caso do presidente que celebrou empreitadas com a Aquino e Rodrigues e quando terminou o mandato foi para lá trabalhar E finalmente, por agora, o caso de outro presidente que celebrou contratos com a Resitejo e quando terminou o mandato foi para lá trabalhar. E lá se mantém. Mas nada quanto à ParqT, certamente enquanto se mantiver o propalado segredo de justiça...que não vai manter-se eternamente. Aguardemos portanto. Esperançados, que quem procura sempre encontra.
Mas até agora, nada de anomalias graves. Estamos apenas perante episódios característicos da política à portuguesa. Tudo legal, em suma. É a vida política em Portugal. Versão post 25 de Abril. Os militares deram-nos a democracia de bandeja e o resultado aí está.
Desculpem lá a evidente má língua.
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