Há 42 anos, militares cansados da guerra em África e descontentes com as injustiças do governo, revoltaram-se. Derrubaram um regime caduco, tal como haviam feito os seus antecessores em 28 de Maio de 1926. Com uma notável diferença. Enquanto o 28 de Maio acabou com a 1ª República, que era pluripartidária e acabou num sistema de partido único, o 25 de Abril acabou com um regime ditatorial e está na origem da democracia em que felizmente continuamos a viver.
Convém no entanto ter sempre presente que o motor inicial dos capitães de Abril foi o binómio guerra colonial/promoções injustas. Estavam fartos de guerra após sucessivas comissões em África e muito descontentes por terem sido ultrapassados nas promoções por oficiais milicianos. Donde o golpe militar que só mais tarde alargou o seu âmbito, proclamando então como objectivos centrais os famosos 3 D: Descolonização, Democratização, Desenvolvimento.
A descolonização fez-se. Mal, mas fez-se. A democratização está aí, felizmente bem viva. Se assim não fora, eu não poderia escrever este texto sem correr graves riscos. Quanto ao desenvolvimento, houve algum. Mas infelizmente o principal foi na máquina do Estado. Temos agora um autêntico Império dos Sentados, cuja maioria nada faz para além de ocupar os lugares, receber os vencimentos, gastar recursos públicos e chatear o próximo.
Mas também têm direito à vida, que é como quem diz ao emprego. Pois têm. Porém, nos países anglo-saxónicos, cuja administração pública é em geral bem mais magra que a portuguesa, o desemprego é também muito inferior ao nosso. Porque será?
E já agora: Porque será que em Portugal o único serviço realmente eficaz e quase sem falhas é o fisco? Porque será que depois de pagarmos pontualmente IRS, IMI, IRC, IVA a 23%, selo do carro e impostos leoninos sobre os combustiveis, quando precisamos de algo dos serviços públicos, que antes pagámos com língua de palmo, temos de pagar segunda vez aquilo que solicitamos ou usamos (certidões, licenças, outros documentos, ex-SCUTS, consultas médicas...)?
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