Já anteriormente aqui se falou de Nice, uma metrópole da costa sul de França, cuja população também está a diminuir, como em Tomar. É claro que Nice integra o grupo de cidades médias europeias. A sua aglomeração conta com 400 mil habitantes. Está portanto ao nível de Lisboa. Mas Tomar, com dez vezes menos população, padece de problemas similares aos de Nice, designadamente as obras de fachada, para ornamentar, que depois vão provocar o aumento de impostos e subsequente fuga da população.
Bem dizia o Lavoisier: "As mesmas causas produzem sempre os mesmos efeitos, nas mesmas condições exteriores."
Ora faça favor de ler a crónica do nosso colega LE FICANAS (O mirone):
"NICE: A metrópole vai acabar por arruinar os habitantes?"
Christian Gallo
"O investimento é a prioridade do presidente da metrópole urbana, Christian Estrosi. Já endividada pela construção de um linha de eléctrico que devia custar 800 milhões de euros (mil milhões estima Eric Ciotti), pela construção de um estádio desmesurado, que é o mais caro de França em relação à sua utilização, a metrópole nicense pensa em aumentar o seu orçamento: Tinham sido votados 114 milhões em 2017, mas será afinal de 382 milhões. E o de 2018 será provavelmente de 414 milhões.
Para conseguir esses montantes consideráveis, Christian Estrosi vai recorrer a dois meios. Por um lado, vai vender a sua participação no capital do aeroporto Nice-Côte-d'Azur (cerca de 100 milhões de euros). Por outro lado e sobretudo, haverá um aumento dos impostos locais. Os habitantes da metrópole vão passar a pagar uma taxa de IMI de 6,4%, o que deverá render 64 milhões de euros. Segundo Estrosi, este novo imposto vem compensar a redução forçada da taxa de resíduos sólidos e, sobretudo, a supressão progressiva da taxa de habitação, já decididas pelo governo. O problema é que esta última incide apenas sobre 80% dos residentes e não será progressiva até 2020. Além disso, uma grande parte da população, isenta de impostos, não a pagava, mas terá de liquidar o novo imposto imobiliário.
Por outro lado, no que diz respeito à cidade de Nice, Christian Estrosi mandou votar favoravelmente no Conselho municipal um aumento do IMI para as residências temporárias, que vai passar de 20% para 60%. Mesmo a esquerda municipal votou a favor. E depois admiram-se que, de um momento para o outro, haja mais residências temporárias à venda.
Na província dos Alpes Marítimos, há apenas três cidades que perdem população de ano para ano: Nice, Cagnes-sur-Mer e Saint-Laurent-du-Var. Exactamente as três cidades que integram a metrópole nicense. Quando foi criada, explicaram que esta união de cidades ia permitir a junção dos serviços públicos, para reduzir as taxas e impostos exigidos aos habitantes.
Temos agora a confirmação que se tratou afinal da simples invenção de uma ferramenta económica com fundos dos contribuintes, que de ano para ano vai criando um território de luxo, o qual pode vir a arruinar os seus habitantes."
Christian Gallo, Le Ficanas, 15/03/18
Tradução de António Rebelo, UPARISVIII
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