Mais uma vez a triste realidade envolvente. A ilustração infra não é invenção de Tomar a dianteira 3. Foi copiada do EXPRESSO - ECONOMIA de sábado passado, 24/03/2018. Nela se pode ver que a sub-região do Médio Tejo, que integra Tomar, onde se encontra a sua sede, (porém agora já liderada por Ourém, que tem mais população, mais empresas, rendas mais altas e mais produto interno), faz parte das sub-regiões mais pobres e atrasadas do país. O também chamado interior profundo. Com cada vez menos procura devido à fuga da população, e por isso com rendas de casa mais baixas.
Para Tomar é obviamente uma vergonha aparecer no mesmo grupo de cidades interiores situadas a mais de 3 horas Lisboa, sem comboio directo nem auto-estrada à porta, quando está a menos de duas horas da capital, tem comboio directo e a A-13 praticamente na cidade. Além disso, detém o único monumento Patimónio da Humanidade dessa vasta zona. Com todos estes trunfos, como é que se chegou aqui? Como é que se caiu tão baixo? Camões, falando de si próprio, alegou Erros meus, má fortuna, amor ardente.
Os sucessivos autarcas tomarenses, incluindo os actuais, alegarão para os seus botões apenas má fortuna. Vão fingir uma vez mais que não houve erros, teimosia, ignorância, sobranceria... Amor ardente pelo concelho e pela verdade é que não.
Prova do que acaba de se escrever é que, na mais recente reunião do executivo camarário, em vez de humildemente procurarem responder às perguntas Como é que chegámos aqui, a esta triste situação? Que fazer para iniciar a recuperação?, em vez disso, discutiram e aprovaram um documento sobre a adaptação do concelho às alterações climáticas. Se não fosse tão trágico, até daria para rir a bom rir.
O grande desafio imediato da cidade e do concelho é a rápida e indispensável adaptação às alterações da economia do desenvolvimento. Não às alterações climáticas, até agora insignificantes em Tomar. O único fenómeno novo foi o tornado, que ocorreu há..... 8 anos.
Cá vem a carraça...
ResponderEliminarPode acontecer que Tomar tenha vindo a ser vítima de políticos burocratas, demasiado ligados à administração pública, que atuam somente numa perspetiva de interesse próprio. Acresce, no entanto, que o trabalho e o capital são (sempre foram) atraídos para as regiões mais dinâmicas porque aí beneficiam de remunerações superiores. Em Tomar não há dinheiro, pelo que se exige imaginação,criatividade, relações com capacidade de influência com o Estado central e com o mundo empresarial nacional e estrangeiro. O Politécnico de Tomar devia estar na primeira linha, organizando congressos, seminários, e produzindo estudos que ajudem a desbravar carreiros e estradas para atrair investimentos. Sem amplo debate dificilmente o concelho sairá dessa dita letargia. Se eu aí vivesse..., ai se eu aí vivesse...
Totalmente de acordo contigo, aproveito para acrescentar um detalhe. Conta-se que, para matar um sapo sem que ele se queixe, basta pô-lo num recipiente com água fria e depois ir aumentando pouco a pouco a temperatura. Sentindo-se bem, o bicho acabará por morrer cozido, sem disso se dar conta.
ResponderEliminarÉ um bocado o que vem acontecendo em Tomar. Com promessas, festas à borla e discursos encantadores, os eleitores continuam a não se incomodar. Quando finalmente resolverem acordar, se resolverem, pode muito bem já ser demasiado tarde. O futuro é sempre mais adiante, nunca mais atrás, ou mesmo aqui ao lado.
Uma observação final, só para te irritar: A História nunca se fez nem se faz com SE...
Este não é só um problema de Tomar, mas da forma como o País se tem desenvolvido, ou dito de outra maneira, é um problema que é consequência do que tem sido feito para proporcionar o desenvolvimento desigual de Portugal.
ResponderEliminarO nosso País Está basicamente situado na faixa costeira entre Setúbal e Braga e o resto é paisagem. As condições que existem para investir no interior, são cada vez mais desiguais.
Observe-se por exemplo a quantidade vezes que os diversos governos deram incentivos para ter Médicos no interior, veja-se a dificuldade que existe em ter mão de obra qualificada para trabalhar na industria no interior, porque cada vez mais está enraizado a necessidade de ir para as cidades ditas grandes para ter empregos melhor remunerados.
A própria industria cada vez tem mais dificuldade em investir fora de centros com boas acessibilidades, com boa mão de obra, etc, porque à partida são custos condicionantes. Trata-se de um ciclo que está viciado.
Poderemos ver casos pontuais, mas são movidos muitas vezes por ligações sentimentais de empresários a determinados locais que não estão no eixo que referi.
Sendo assim o que poderá fazer uma terra como Tomar?
É uma excelente discussão que se deveria ter sobre a nossa cidade, que o Professor António Rebelo tem feito o favor de trazer para a praça publica e que nos tem mostrado o que todos nós temos possibilidade de ver no dia a dia.
A nossa terra cada vez tem menos pessoas, consequentemente, menos actividade comercial, empregos, industria, etc.
Somos uma terra de serviços, pouco mais.
Deveríamos olhar para um problema muitas vezes falado, que é ó de as pessoas que visitam o Convento, na sua maioria não descerem a Tomar, independentemente do facto de observarmos que cada vez temos mais turistas durante todo o ano. Esta área do turismo deveria ser naturalmente de forte investimento, no que podemos oferecer e na forma de o fazer.
Parece-me que a industria é uma actividade de que tem capacidade para gerar muitos empregos directos e indirectos.
Penso que vemos todos com bons olhos a nova dinâmica que empresas da área do conhecimento têm tido a instalarem-se em Tomar, através do Politécnico. Não conheço o que esteve na origem, mas parece-me que terá sido uma oportunidade de mão de obra disponível com um custo controlado e a disponibilização de instalações por pare do poder.
Mas penso que os Partidos Políticos deveriam ter a capacidade para promover uma discussão sobre o que deveria ser o modelo de desenvolvimento da nossa cidade.
Bom mas esse é também o problema do nosso País, que é a incapacidade que temos de nos estruturarmos para percorrermos um caminho que nos permita chegar a um objectivo que previamente tenha sido definido, começando logo por ter dificuldade em entender-mo-nos sobre o que será o objectivo. Começamos por ter dificuldade em promover a discussão, porque conforma diz vamos-nos acomodando a não participar e a deixar para os outros a decisão sobre o que querem fazer da nossa vida.
Paulo Chaves Gomes