quinta-feira, 29 de março de 2018

Resposta a uma pessoa amiga

Cumprindo a norma social, abro agradecendo as amáveis considerações a meu respeito. Considero contudo que são imerecidas, porquanto sou realmente frontal apenas porque posso. Outros gostariam de fazer outro tanto, porém estão limitados pela envolvência social. Não quer isto dizer que eu não tenha já sofrido algumas represálias. Coisa menor, de funcionários ressabiados, pois regra geral, quando se é má pessoa dificilmente se pode ser bom funcionário. Adiante...
Como pode constatar, resolvi responder-lhe publicamente, por dois motivos. Por uma lado, porque as suas dúvidas são afinal também as de muitos tomarenses, que ou não podem, ou não querem ou não sabem expô-las. A minha resposta vai portanto contribuir para o esclarecimento de mais conterrâneos. Pelo menos assim o espero. 
Por outro lado, porque assim cumpro dois objectivos na mesma viagem: respondo-lhe e faço a minha publicação diária. Mas pode ficar descansado. Terei o cuidado de evitar, ao longo de toda esta prosa, que  alguém possa descobrir a quem se destina prioritariamente.
Respondendo à sua questão, conheço razoavelmente o António Lourenço dos Santos. É tomarense, com T grande, é humilde, tem Mundo, sabe ouvir, sabe pensar, tem dúvidas e não hesita em sair fora do rebanho quando necessário. Ao contrário de outros, não age por vingança. Deseja apenas encontrar um rumo melhor para a sua e nossa querida terra. Como é empresário e estrangeirado, pois andou por Paris como representante de Portugal na OCDE, vai ter as suas dificuldades para chegar à candidatura em 2021. Os tomarenses gostam mais de funcionários públicos. Dos onze presidentes que já elegeram, só o Pedro Marques, o Corvelo e o Carrão é que não eram empregado do Estado. Se apesar disso conseguir, conta com o meu apoio, caso dele precise. Porque não vejo nesta altura melhor candidato para tirar Tomar do atoleiro em que se encontra.


Tem razão. A reabertura da Fábrica do Prado seria excelente para todos. Infelizmente, não me parece que tal seja possível, ainda que faça votos para que aconteça. E quanto mais depressa melhor. Num outro concelho, seria mais fácil atrair investidores interessados nessa tarefa de inegável interesse público. Em Tomar, desgraçadamente, mesmo com trabalhadores qualificados e motivados, poucos ousam arriscar, dado que a autarquia não se pode dizer que tenha na prática uma atitude amistosa para com os empresários. Pelo contrário. E quando escrevo autarquia penso nos eleitos, mas também nos funcionários superiores. Sobretudo nestes. Quinze anos para rever o PDM e mais de dez para rever o do Centro histórico, são a melhor forma de manter os investidores a centenas de quilómetros de distância. Não há pachorra para aturar burócratas empedernidos e mesquinhos.
A reforma organizativa da Festa dos Tabuleiros é não só urgente como indispensável. Desde logo para transformar um sorvedoiro de dinheiro público numa actividade lucrativa, instituindo as entradas pagas. Mas também para evitar o colapso, que não deixará de acontecer, mais cedo até do que muitos pensam. A quem interessa afinal a medonha barafunda no dia do cortejo? E se a dada altura acontece um imponderável grave no meio de toda aquela gente? Quantas pessoas vão morrer espezinhadas? Não será melhor limitar a afluência,  estabelecendo controles de segurança nas entradas enquanto é tempo?


Se a Festa grande pode e deve ser uma importante fonte de valor acrescentado, o Museu da Levada é um nado-morto, porque foi pensado de forma tacanha e atamancada. Só depois de concluídas as obras as sumidades da autarquia se deram conta que aquilo não tem condições mínimas para funcionar. Faltam portas pára-fogo, faltam corredores de evacuação, faltam passadiços de visita, faltam locais para explicação, falta estacionamento, faltam locais para embarque e desembarque de passageiros, faltam quadros técnicos e outro pessoal, faltam recursos para contratar e manter esse pessoal. 
Resumindo, se alguma vez chegar a abrir como museu polinucleado, que era o que estava previsto, será mais um poço sem fundo para o orçamento camarário. A sorte da autarquia é que a ASAE dificilmente evitará o encerramento compulsivo logo no primeiro mês, por evidente carência de condições mínimas.


A actual maioria e os técncios superiores do costume sabem tudo isto muito bem. Por isso vão organizando umas coisitas, tipo concerto por aqui, colóquio por ali, exposição por acolá, tudo provisório para não acordar a ASAE, mas de modo a ir entretendo o pessoal. Um mundo a fingir.
Festa dos Tabuleiros, Convento de Cristo. Centro Histórico, Festa templária, Estátuas vivas, Rio Nabão. Pegões altos, Agroal, Albufeira do Castelo do Bode, está tudo englobado numa coisa que se chama Turismo moderno. O problema é que, distribuindo vários instrumentos de música a gente que não sabe solfejo nem consegue tocar de ouvido, obtém-se uma insuportável cacofonia. É o que temos. E muitos nem sequer disso se dão conta, enquanto outros preferem fingir que não é nada com eles.
Despeço-me com amizade, recomendando que não se esqueça de ir, no próximo dia 6 de Abril, ao Salão Nobre dos Paços do Concelho, para assistir ou participar na pretensa decisão sobre a realização da Festa dos Tabuleiros, e subsequente alegada escolha do mordomo ou mordoma. Vai lá estar a fina flor local. La crème de la crème, salvo erro. Poucas centenas julgam que vão decidir por dezenas de milhares, aquilo que afinal já é ponto assente. Será uma excelente ocasião para perceber como chegámos onde já estamos, e porque vamos continuar a involuir.
As coisas são o que são. E as pessoas idem idem.
O gajo do Tomar a dianteira é que é mesmo um patife. Só sabe dizer mal de tudo  e de todos, quando na verdade está tudo tão bem e com tendência para melhorar.
Chiça!

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