"Divisão de Turismo e cultura
Nº 10 - XXV Congresso da sopa
Proposta de deliberação da Vereadora Filipa Fernandes, referente à informação nº 380/2018, da Divisão de Turismo e cultura, submetendo à aprovação do Executivo Municipal aspectos inerentes à realização do 25º Congresso da sopa, no dia 5 de Maio de 2018.
Proposta de deliberação: Entrega das receitas de bilheteira (exceptuando os resultados da venda de kits) no montante máximo de 5 mil euros (cinco mil euros) ao CIRE - Tomar; aprovar tabela de preços: -Ingresso no evento - Bilhetes (sem kit) Adultos 5 euros, Crianças dos 6 aos 12 anos 2 euros, Família de 2 adultos + 2 crianças 12 euros.
Outros: Kit Congresso da sopa (copo, taça, colher e guardanapo) 3 euros por unidade. Atribuir subsídio no valor de 100 euros (cem euros) para as adegas participantes no evento."
Ignoro o resultado da votação, mas aposto singelo contra dobrado que houve unanimidade. Parece-me que não está bem e passo a explicar porquê.
1 - O respeito e a consideração, devidos aos órgãos de poder e aos seus titulares, têm de começar neles próprios. Sob pena de abandalhamento crescente. Na cultura portuguesa, qualquer eleito tem direito à designação obrigatória de "senhora" ou "senhor", antes do nome ou das funções que exerce. Em Espanha, por exemplo, as coisas são ainda mais solenes. Qualquer eleito passa a ser "senhoria". Mesmo o Rei, ou o Presidente do governo (equivalente ao nosso Primeiro-ministro), quando se dirigem a eleitos, sejam deputados, presidentes de câmara ou vereadores, começam sempre por "Senhoria", se for só um, ou "Senhorias", se forem vários, atributo que anteriormente apenas cabia à nobreza.
No caso presente, onde está "da vereadora...", devia estar "da senhora vereadora..." Línguagem familiar só deve ser usada em família ou com amigos. Nunca em documentos oficiais. Dá mau aspecto, sendo meio caminho andado para a desconsideração.
2 - O Congresso da Sopa, uma iniciativa do beirão Dr. Manuel Guimarães, já falecido, pode ser, consoante as circunstâncias, Congresso da sopa do Espírito Santo, (como nos Açores), Congresso da sopa do Espírito franco, ou Congresso da Sopa do espírito manco. Sopa do Espírito Santo não é, porque se paga, o que resulta estranho numa terra onde quase todos os eventos liderados pela câmara, com dinheiro de todos nós, são à borla (julgam os eleitores mais simplórios, os outros sabem bem que tudo se paga,e de que maneira!). Sopa do Espírito franco tão pouco, pela mesma razão, e uma vez que a deliberação camarária será tudo menos franca. Resta portanto a sopa do Espírito manco, que é o mesmo que coxo.
3 - Congresso da sopa do Espírito manco, ou coxo, porque não conheço outra terra cujo executivo aceitasse debater e votar "aspectos inerentes à realização do XXV Congresso da sopa". Antes de mais, por ser manifestamente ilegal. Debatem-se e votam-se regulamentos, normas, leis, posturas, avisos, e por aí fora. "Aspectos inerentes" é assim uma realidade demasiado vaga, que vejo pela primeira vez, e não nasci ontem. Você, leitora ou leitor, já alguma vez ouviu falar, ou leu, àcerca de um executivo municipal a deliberar sobre inerências?
4 - Com essa cobertura genérica dos "aspectos inerentes", ficam os munícipes sem saber se existe ou não um regulamento do evento e, mais grave ainda, quanto recebem, caso recebam alguma coisa, os fornecedores das sopas e os fornecedores de pão, por exemplo. Será tudo à borla? Se não é, porque menciona o documento unicamente as adegas, sem aliás especificar se os cem euros de subsídio são para cada uma ou a dividir por todas.
5 - Dirão talvez as habituais sumidades, luminárias, sentados e outros apoiantes da actual maioria, incluindo até os de boa fé, que se trata de detalhes sem importância. Creio que não será tanto assim, como a seu tempo fará constar uma eventual sindicância da entidade competente e independente. Se houver. Além disso, já anteriormente circularam rumores, segundo os quais havia fornecedores de sopa que recebiam e outros que não recebiam, bem como alguns outros casos de discriminação, com determinadas entidades a receber mais do que outras. Só boatos? A Câmara nunca se explicou, o que de resto é habitual.
Mas é do adagiário popular que "não há fumo sem fogo". A falta de transparência dos "aspectos inerentes" só pode enfraquecer a democracia local e prejudicar, quiçá injustamente, a reputação dos próprios eleitos.
O professor António Francisco Rebelo convidou-me para almoçar depois de 20 de maio do corrente ano (ver seu post do dia 20/03/17-cx. de comentários). Aceito com muito prazer por se tratar de um singular tomarense que muito aprecio, pese embora as nossas divergências políticas, especialmente pela sua intervenção pública através do seu blogue Tomar a Dianteira. Combinado! Almoçaremos! Sinto-me orgulhoso pelo convite.
ResponderEliminarComo sou um sicrano altamente imaginativo e desde sempre cheio de afigurações, adoraria que neste almoço participassem os responsáveis dos partidos locais (PS-PSD-CDU-CDS-BE). Convido-os a almoçar (de preferência, jantar) connosco para uma ampla discussão: a importância do seu blogue, qual é afinal o posicionamento do prof. Rebelo, a política tomarense, os partidos em Tomar e também aflorar levemente a política nacional.
Proponho a seguinte ementa: Couve à Quinta. É um prato tradicional tomarense: couve galega, feijão, broa de milho esfarelada em riba, tudo misturado e encharcado em bom azeite, acompanhado de um bom grelhado (carne ou peixe) ou morcela de arroz. A vinhaça escolhe-se no momento.
Eu serei o moderador informal com provada experiência.
No final (depois das branquinhas...), se nisso acordarmos, emitiremos um comunicado à imprensa sobre a reunião.
Quem se nega? Vá lá! Deixem-se da caganeirice lusitana.
Seria o primeiro de muitos encontros de verão promovidos pelo blogue.
Excelente ideia. Seria assim uma espécie de COCARPOTO - Congresso das carcaças políticas tomarenses. Duvido porém que haja interessados. A política continua a queimar...
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