Se conhece relativamente bem Tomar, identifica sem dificuldade esta capela. Está na encosta, entre o Convento e a Senhora da Piedade. Construída para mausoléu de D. João III, ficou incompleta, dado a rainha viúva, Dª Catarina, ter determinado que o rei seria sepultado nos Jerónimos. Só veio a ser concluída já no século XIX.
Gostaria de visitar? Isso já é mais complicado. A chave que em tempos esteve no Turismo municipal, encontra-se agora indevidamente no Convento. Com alguns telefonemas e um bocado de sorte, talvez consiga que um funcionário o acompanhe. Mediante "Marcação prévia em função da disponibilidade do serviço", segundo o site oficial do Convento.
Há outra hipótese, de certeza mais rápida e eficaz. Caso pretenda realizar um evento cultural na capela, seja lá isso o que for, (um casamento será um evento cultural?), bastará alugar o espaço interior por 2.000 euros/dia. Montante que passa para 2.500 euros/dia se for para uma televisão, 3.000 euros/dia se for para filmagens e 5000 euros/dia tratando-se de algo comercial. Autênticas pechinchas, como se vê, uma vez que se trata de desenvolver o turismo local. Fica por saber quem decide a natureza da coisa. Se é cultural, TV, cinema ou comercial...
Embora tomarense ou residente há muito no vale do Nabão, é bem capaz de não conhecer as ruínas dos Paços do Infante D. Henrique (foto de cima), nem as ruínas da alcáçova do castelo (foto de baixo). Situação normal, tratando-se de monumentos há longos anos fechados ao público, que a administração do Convento designa apressadamente por alcáçova. Para visitar, é como para a capela da Conceição. Telefonemas, alguma sorte e "marcação prévia em função da disponibilidade do serviço".
A não ser, lá está, que queira ali realizar algum evento ou filmagens. Se for o caso, aqui tem a respectiva tabela: Cocktails 1.500€/dia, Eventos culturais 3.000€/dia, Televisão 2.500€/dia, Cinema 3.500€/dia, Comercial 5.000€/dia. Mais uma série de autênticos saldos...
Conhece este magnífico salão do século XVII, com tecto em carvalho do norte, apainelado e decorado com pinturas da época? É a Sala dos cavaleiros da antiga enfermaria do Convento de Cristo, onde funcionou durante muitos anos o Hospital militar. Fica naquele torreão mais à direita, quando da cidade se olha para o castelo. Está fechado ao público desde que o hospital militar foi desactivado, há mais de 20 anos.
Para visitar, siga as instruções dadas para os locais anteriores. Para alugar é mais complicado. Só Eventos académicos a 100/250€/dia, Televisão a 2.500€/dia, Cinema a 3.500€/dia e Comerciais a 5.000€/dia. (Para mais preços e locais, consultar Diário da República, II Série, nº 122, 27 de Junho de 2014, páginas 16.649 e 16.650).
Acha tudo isto um abuso, um contra-senso, tratando-se de património de Estado, que devia estar aberto ao público, mas mesmo assim gostaria de visitar? Em relação as estes locais e à masmorra da Inquisição, por baixo da Torre de Dª Catarina, não há volta dar. Só visitas guiadas, "mediante marcação prévia em função da disponibilidade do serviço". Quanto à cisterna do Claustro da Micha, nem isso. Nesta altura estará decerto com mais de metro e meio de altura de água.
Mas visitar o Convento sem pagar é relativamente fácil. Basta aguardar uma daquelas feirinhas que pouco ou nada têm a ver com o monumento, mas se realizam com alguma periodicidade e são anunciadas na informação local, regional e nacional. Nessa altura, é só entrar à borla, como toda a gente, pelo Claustro da Micha (fachada norte), continuar pela Cozinha, Claustro dos Corvos, Refeitório, e por aí fora. Depois pode regressar ao Claustro da Micha pelo caminho inverso ao percorrido e comprar alguma coisa na feirinha.
É um bocado absurda a actual situação, com preços proibitivos por um lado, locais fechados por outro e entradas à borla para as feirinhas no Claustro da Micha, com os turistas a pagar pelo outro lado? É sim senhor.
Mas que fazer se o povo gosta assim e a autarquia não se queixa?
Mas que fazer se o povo gosta assim e a autarquia não se queixa?
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