domingo, 25 de março de 2018

O quadro do desastre demográfico tomarense

Era uma tarefa para a Câmara, para Assembleia municipal, para a informação local, ou para os gabinetes que aconselham alguns eleitos. Como ninguém lhe pegou até agora, (que se saiba), Tomar a dianteira 3 resolveu pôr mãos à obra. Aqui vai a primeira parte do resultado.
É do conhecimento público, pois já foi publicado nestas colunas, que entre Outubro de 2013 e Outubro de 2017, no concelho de Tomar desapareceram 2.496 eleitores dos cadernos eleitorais, o que corresponde a 7,16% do eleitorado concelhio. De acordo com o estudo detalhado efectuado por Tomar a dianteira 3, trata-se da maior hemorragia demográfica da região. 
Os leitores mais interessados por estas coisas farão o favor de clicar na fonte oficial:


Dito o que antecede, chegou a altura de apresentar o fundamental. Um quadro que mostra a importância dessa desgraça que é a perda de população em cada uma das freguesias do concelho, ordenadas em função do valor percentual, do mais alto para o mais baixo:

PERDA DE ELEITORES INSCRITOS, ENTRE OUTUBRO 2013 E OUTUBRO 2017

Freguesias                                        Perda de eleitores             Percentagem

1 - Além da Ribeira/Pedreira                    -145                             12,16%

2- Olalhas                                                 -132                              10,21%

3 - Asseiceira                                           -229                                8,95%

4 - Paialvo                                               -172                                8,14%

5 - Serra/Junceira                                    -138                                8,08%

6 - Casais/Alviobeira                               -206                                8,06%

7 - S. Pedro                                            -192                                 7,35%

8 - S. João/Santa Maria                       -1084                                 7,00%

9 - Sabacheira                                         -55                                 5,86%

10 - Carregueiros                                   -54                                  5,31%

11 - Madalena/Beselga                          -89                                  2,64%

Temos assim quatro grupos distintos e uma freguesia isolada. O primeiro com as duas freguesias que perderam mais eleitores inscritos -Além da Ribeira/Pedreira e Olalhas. Destaque para os 12,16% de Além da Ribeira/Pedreira, naturalmente consequência da crise e posterior encerramento da Fábrica do Prado.
Segue-se o grupo de quatro freguesias que perderam mais de 8% de eleitores, encabeçado pela Asseiceira, com quase 9%.
O terceiro grupo integra duas freguesias, a de S. Pedro e a de S. João/SantaMaria. Aquela com 7,35%, a freguesia urbana com 7,00%
Carregueriros e Sabacheira constituem o quarto grupo, com perdas superiores a 5%.
Finalmente, destaque pela positiva para a Madalena/Beselga que, com uma redução de apenas  89 eleitores inscritos, o que corresponde a 2,64%, consegue de longe o melhor resultado do concelho.
Conviria até proceder a um estudo mais detalhado do caso da Madalena/Beselga, porquanto desempenha no concelho de Tomar, conforme veremos no próximo trabalho, o papel agregador que cabe em geral às freguesia urbanas.

2 comentários:

  1. A insistente abordagem aqui feita (demasiadamente localista) da perda de população no concelho de Tomar tem de dar um ou dois passos em frente - em profundidade e amplitude. Talvez partir agora do geral para o particular seja boa opção. Uma coisa é certa: a nível geral/mundial as cidades estão a crescer demograficamente, a médio prazo mais de 65/70% da população vai viver nas cidades - especialmente nas megacidades. Isto tem a ver com as novas tecnologias, a velocidade estonteante com que tudo está a acontecer, transformando as relações entre países, cidades, poderes económicos e políticos e entre as próprias pessoas. É a tal quarta revolução industrial em curso.
    O ponto a que quero chegar é que esta questão de umas crescerem e outras reduzirem não decorre apenas de políticas locais. Não depende desta ou daquela equipa de dirigentes políticos. É preciso estudar melhor o tema.
    Costumávamos identificar a nossa vida como mais próxima de um lugar, de um grupo étnico, de uma cultura particular ou mesmo de um idioma. Isso acabou. A mobilidade é cada vez mais uma opção de vida.

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  2. Nada em Tomar a dianteira pode ser considerado demasiado localista, uma vez que se trata de um blogue de âmbito local. Por isso, ou apesar disso já aqui se publicou há tempos um comentário com citações do Nobel de economia Krugman, do qual me ficou esta frase: "Uma vez cumprida a sua função histórica, as cidades estão condenadas ao desaparecimento progressivo."
    Bem gostaria de estar enganado, porém parece-me ser o caso de Tomar. Cuja ruína económica e demográfica é já evidente, e vai continuar a ser facilitada pela fingida ignorância de quem governa.

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