quinta-feira, 22 de março de 2018

A encrenca Paróquia-Câmara por causa das beiras em S. João

Sabe-se que a diplomacia é a continuação da guerra por outros meios. O problema é que para haver diplomacia, são necessários diplomatas. No caso tomarense, que é deles? A confusão já foi explanada neste blogue, como se pode verificar aqui. Basicamente, a paróquia queixa-se que:
1 - Chove na sacristia de S. João Baptista;
2 - Havia fundos europeus até 85% para custear a reparação;
3 - Só a Câmara podia concorrer;
4 - A  paróquia cobria os restantes 15%
5 - Segundo verificações efectuadas por membros da Comissão fabriqueira, a Câmara não apresentou candidatura e a senhora presidente mentiu.
Antes de ir adiante, convém frisar que há falhas nesta argumentação. Por um lado, sendo a igreja de S. João pertença do Estado, não se entende de todo como é que só a Câmara se podia candidatar. Falta aqui qualquer coisa, de certeza.
Por outro lado, tratando-se de fundos europeus para restaurar edifícios públicos, de acordo com o normativo em vigor, deve ser a entidade candidata a assegurar o remanescente. Não se vislumbra portanto como poderia ser a paróquia ou a sua Comissão fabriqueira a liquidar os 15% restantes, visto ser uma entidade privada, alheia ao processo entre entidades públicas. Volta a faltar qualquer coisa.
Aqui chegados, esta encrenca sempre terá servido para alguma coisa, apesar de o telhado da sacristia continuar a meter água. Infelizmente. Agastados com o problema e visivelmente pouco praticantes da caridade cristã, na sua vertente de compaixão para com o semelhante, membros do rebanho mais ligados à paróquia continuam a deitar gasolina no fogo, o que naturalmente se lastima.


Dizem as notícias mais recentes aqui chegadas, que um dos motivos de irritação dos fabriqueiros e não só é a, segundo eles, manifesta hipocrisia da senhora presidente. A autarca terá agora garantido que ia participar numa candidatura intermunicipal, hipótese em que não acreditam. Alegam que a evidente má vontade da Câmara está bem documentada no facto de o projecto das obras de reparação ter demorado perto de dois anos para ser aprovado. Apesar de a Comissão fabriqueira integrar membros muito ligados ao "império dos sentados", acrescentamos nós.
Na opinião de Tomar a dianteira, é neste último ponto que reside o nó do problema. Quando numa terra, seja ela qual for, um projecto de obras, apenas e só para limpar um telhado pequeno e substituir eventualmente alguns barrotes de madeira, necessita de quase dois anos para ser analisado e aprovado pela autarquia, essa localidade só pode estar em processo de morte lenta. Porque realmente, lendo coisas assim, quem arriscará investir em Tomar? Só gente mal informada.
Sem investimento não pode haver emprego. Sem emprego produtivo não há crescimento económico. Sem crescimento económico, cada vez se cobram menos impostos directos e indirectos. Sem mais impostos cobrados, não pode haver transferências mais elevadas para as autarquias. E sem novas transferências mais elevadas, gastando mais de 40% com despesas fixas e permanentes de funcionamento, o Município de Tomar não pode aguentar durante muito mais tempo.
Ainda há poucos dias, a senhora presidente se lamentava publicamente, dizendo que a Câmara não recebe nem um cêntimo da receita das entradas no Convento de Cristo. Já antes admitira que o açude de madeira do Mouchão não foi desmontado em Setembro passado, pela primeira vez desde há séculos, para poupar sete mil euros. E os pagamentos a fornecedores são feitos mais de um ano depois.
Adaptando o velho provérbio, casa onde há cada vez menos pão, todos ralham, ninguém tem razão.

ACTUALIZAÇÃO às 10HOO de 22/03/2018

Segundo o nosso colega Tomar na rede, o problema da sacristia de S. João já começou a ser resolvido. Olhando para a imagem que acompanha a notícia, não há lugar para dúvidas. Trata-se mesmo de obras de pouca monta. "Limpar um telhado pequeno e substituir eventualmente alguns barrotes de madeira", como se escreveu no texto. 
Fica assim por explicar aquela questão do projecto que levou quase dois anos para ser aprovado. Ou se trata de simples boato -e nesse caso conviria que a Câmara esclarecesse- ou é mesmo verdade, e conviria que a Câmara tomasse medidas, no sentido de acabar com tais abusos por parte de alguns dos seus funcionários superiores.

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