Quem se interessa pela economia do desenvolvimento, terá forçosamente de possuir alguma bagagem sobre demografia e migrações. Um dos dados adquiridos quanto a migrações é o movimento do rural para o urbano, do urbano para o metropolitano e deste para a emigração. Ou seja, em busca de melhores condições de vida, as populações tendem, em cada concelho, a desertar as freguesias rurais, vindo fixar-se na área urbana. É a clássica força centrífuga da aministração pública. Quando a crise se agrava, por qualquer motivo, a população dá outro salto. Tende a abandonar as sedes de concelho, para se fixar na periferia da área metropolitana mais próxima. Chega finalmente a útima etapa -a emigração.
Dado que todos estes movimentos coexistem em simultâneo, há naturalmente muitos casos em que habitantes das freguesias rurais vão directamente para a emigração, sem passar pela sede de concelho, nem pela área metropolitana mais próxima. Trata-se portanto apenas de uma tendência, válida para todos os países e regiões, a qual não anula contudo os restantes movimentos antes descritos.
Uma vez que a primeira grande migração é o chamado êxodo rural para a sede de concelho, regra geral a ou as freguesias urbanas perdem menos população que as rurais, mesmo tendo em conta a posterior migração para as áreas metropolitanas e/ou a emigração.
O quadro seguinte evidencia isso mesmo, com uma notável excepção que é Tomar.
Em cada concelho publicam-se apenas os resultados da freguesia urbana. Quando há duas freguesias urbanas (Entroncamento, Ourém, Torres Novas, por exemplo) o resultado é a média respectiva.
PERDA DE ELEITORES NA FREGUESIA URBANA DE CADA CONCELHO
CONCELHO DIFERENÇA 2013/17 TOTAL DE INSCRITOS PERCENTAGEM
1 - Leiria + 895 27.431 + 3,26%
2 - Torres Novas + 139 14.356 + 1,34%
3 - Santarém - 42 25.363 - 0,16%
4 - Chaves -64 11.856 -0,53%
5 - F. do Zêzere -12 2.071 -0,57%
6 - V. N. Barquinha -21 3.137 -0,66%
7 - Abrantes -216 14.387 -1,50%
8 - Montemor o Novo -185 9.586 -1,92%
9 - Ourém -198 10.643 -1,95%
10 - Portalegre -323 13.384 -2,41%
11 - Covilhã -478 17.140 -2,78%
12 - Entroncamento -445 16.957 -2,97%
13 - Serpa -209 5.217 -4,00%
14 - Estremoz -308 7.150 -4,30%
15 - Barrancos -71 1.366 -5,19%
16 - Chamusca -198 3.527 -5,61%
17 - Tomar -1081 15.479 -7,00%
Ai está. É triste, mas contra factos não adianta argumentar. Excepto no caso de Ourém, em que a freguesia de Fátima (+668 em 9.593 inscritos = +6,96%) obtém melhor resultado que as freguesias urbanas, sendo que mesmo assim, as duas freguesias urbanas se situam bem abaixo da percentagem das rurais, que chegam a atingir -13,39% em Espite e 10,11% na Gondemaria/Olival, em todos o outros concelhos a situação é praticamente idêntica. A freguesia urbana perde muito menos eleitores que as rurais. A única excepção é Tomar, em cujo concelho 3 freguesias rurais perdem percentualmente menos eleitores inscritos que a urbana. Trata-se da Sabacheira (-5,86%), Carregueiros (-5,31%) e sobretudo da Madalena/Beselga (2,64%).
Uma vez que a desculpa usual para o progresso de Ourém é alegar que têm Fátima, dado não constar que haja algum santuário para os lados da Sabacheira, de Carregueiros ou da Madalena/Beselga, era capaz de não ser má ideia procurar respostas para estas simples perguntas: Porque fogem os eleitores? Porque fogem mais de algumas freguesias que de outras?
A que se deve a insólita situação da freguesia urbana?
ADENDA
ADENDA
Alguns órgãos informativos da região difundiram um "estudo" de acordo com o qual "Tomar continua a ser o melhor concelho para viver no Médio Tejo".
Trata-se naturalmente de uma notícia martelada, "plantada" pela agência de comunicação contratada para esse efeito pela autarquia. Se tal fosse verdade, certamente a população não se iria embora em maior escala que em qualquer outro concelho da região. Porque quem está bem não se muda.
Trata-se naturalmente de uma notícia martelada, "plantada" pela agência de comunicação contratada para esse efeito pela autarquia. Se tal fosse verdade, certamente a população não se iria embora em maior escala que em qualquer outro concelho da região. Porque quem está bem não se muda.
Resta concluir portanto que as fakenews estilo Trump já chegaram a Tomar. Vivó progresso! Enquanto houver dinheiro para pagar à tal agência.
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