Política local
COMO VAI EVOLUIR
O CASO TEJO AMBIENTE?
António Rebelo
Ao que me consta, aqui bem ao longe, após a derrota da maioria PS na questão da Tejo Ambiente, na passada sexta-feira, o clima interno nas hostes socialistas é um misto de surpresa, raiva e desalento, com alguma desorientação à mistura. Ao cabo de quase oito anos, foi-se a aura de vencedora antecipada, e tudo se complica para o próximo confronto eleitoral. Há mesmo quem acredite que foi o acidente de percurso que faltava para perder as eleições, sabido como é que a oposição raramente ganha, quem está no poder é que perde. Temos assim, sem qualquer dúvida, uma candidata ferida de asa, de tal forma que pode mesmo deixar de ter condições para voar, faltando apenas apurar a gravidade do ferimento. Para já, foi muito notada a sólida e frontal intervenção do presidente da Asseiceira, que é socialista e beneficia de amplo apoio na sua freguesia, onde ficam as instalações da EPAL. Mera coincidência?
Que se pode esperar a partir daqui? O caso Tejo Ambiente, que já não é nada simples, vai transformar-se numa grande salganhada, cuja ultrapassagem ninguém pode garantir no estado atual das coisas. Consideremos dois planos, o regional e o local.
Influenciados pelo malogro socialista na AM de Tomar, cada um dos outros cinco sócios, com destaque para Ourém, o maior de todos, estará agora a congeminar qual a melhor decisão a adotar. Há três opções possíveis, com eventuais variantes.
A primeira, que para já deixou de ser possível em Tomar, era a desejada à partida por Anabela Freitas, e supõe-se que também pelos restantes cinco sócios: Apesar das várias tranquibérnias anteriores, obter a aprovação da AM e pagar sem mais exigências, esperando que as coisas se componham num futuro mais ou menos próximo.
A segunda hipótese consiste em obter o voto favorável da AM e prontificar-se a pagar, mas só após uma reorganização profunda da Tejo Ambiente. Finalmente, a terceira possibilidade é a mais radical, mas nem por isso menos provável. Constatando que a Tejo Ambiente falhou em toda a linha, o melhor será proceder à sua dissolução, antes que aconteçam males maiores.
Isto a nível regional, porquanto à escala local, tanto em Tomar, como em cada um dos restantes concelhos, a cena pode complicar-se singularmente. Tomemos o caso tomarense como exemplo. A maioria que derrotou o PS na AM tem objetivos diferentes, para lá da simples rejeição da proposta. Sabe-se, por exemplo, que tanto a CDU como o BE farão o que estiver ao seu alcance para acabar com a Tejo Ambiente e com as suas privatizações encapotadas. Está no ADN de ambos.
Já o PSD vê com bons olhos as várias privatizações, sem poder contudo dar o seu aval às irregularidades já detetadas, e ambicionando ganhar as próximas autárquicas. O leque é portanto vasto e por agora o mais prudente será adotar a bem conhecida fórmula "prognósticos só após a contagem dos votos".
Em qualquer caso, visto assim a milhares de quilómetros, os socialistas já estiveram em melhor posição para vencer. Mas, lá está, muito vai depender da campanha eleitoral e do projeto de cada um.
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