Poluição do Nabão
E SE A POLUIÇÃO DO NABÃO
TAMBÉM INCLUIR CORRUPÇÃO???
António Rebelo
Já vai longa a telenovela Poluição do Nabão, por isso transformada em telenovelo. Vamos então tentar contribuir para achar a ponta do fio da meada.
Os avanços mais recentes são a promessa governamental de 21 milhões para resolver o problema, as audições dos presidentes de Ourém e Tomar na AR e o encontro entre a APA e Anabela Freitas.
Do anterior, por ordem cronológica, já havia os vários protestos, as análises à água do rio, anunciadas mas cujos resultados completos nunca foram publicados, a denúncia de Américo Costa apontando a ETAR de Seiça, na Sabacheira, as declarações do executivo da Tejo Ambiente, afirmando que os 21 milhões resolvem 80% do problema, a posição do presidente da Câmara de Ourém, segundo as quais a origem da poluição pode não ser a ETAR antes apontada, como mostra a água do Nabão no Agroal, e a complexa posição da presidente da Câmara de Tomar e da Tejo Ambiente.
Para esta responsável eleita, que prometeu mas nunca revelou os resultados completos das análises à água do rio, além da ETAR, há quatro fontes poluidoras no concelho de Tomar. Infelizmente nunca esclareceu onde são nem quem são as entidades responsáveis. Pressionada pela informação local, acabou por admitir que não podia revelar a quem pertencem nem onde ficam os citados quatro focos poluidores, porque a APA também não lhe comunicou essa matéria.
Na sessão de 30 de Abril da AM de Tomar, o representante da CDU Paulo Macedo acertou em cheio no âmago do problema, com um único tiro. Disse ele que o prometido investimento de 22 milhões de euros resolve o problema de Ourém, mas não resolve o problema de Tomar. E fica ainda por saber qual a amplitude do problema tomarense.
Uma coisa é avançar que os novos emissários duplos e a modernização da ETAR vão resolver 80% do problema, outra bem diferente é apresentar resultados técnicos, que ainda não foram apurados. Tendo em conta as declarações do executivo da Tejo Ambiente, (80% resolvido) de Anabela Freitas (há quatro focos poluidores além da ETAR), e do presidente de Ourém (a ETAR nem é o principal agente poluidor), quem pode garantir que ficarão por resolver só 20% dos efluentes poluídos? E se afinal acabarem por ser 40 ou mesmo 50%? Pedem-se mais 22 milhões ao governo? Ao fim de quanto tempo?
Há também uma outra vertente, sempre muito delicada -a hipótese de corrupção em toda esta trapalhada. A coisa começa com o sigilo em relação aos resultados das análises da água do rio, que permitiriam saber finalmente se a poluição é de origem humana (ETAR), ou suína, ou outra (4 focos no concelho de Tomar). Prossegue com a estranha atitude da APA, que não revela, segundo a presidente da câmara de Tomar, nem a localização nem a identificação das entidades poluidoras, secundada pelo serviço especializado da GNR, que encontra anualmente vários casos de efluentes e despejos clandestinos na região Ourém-Leiria, mas nunca encontrou nada no concelho de Tomar. Estranho, não é?
O que leva Tomar a dianteira 3 a formular uma pergunta por assim dizer às avessas (a tal inversão do ónus da prova): Se não há corrupção, como se explica o persistente silêncio da APA, a conveniente "cegueira" da GNR e o oportuno recato de Anabela Freitas?
Que responda quem souber.
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