Vida local
Todos têm o direito de informar,
de se informar e de ser informados
António Rebelo
Acabo de reproduzir o artigo 37º da Constituição portuguesa. Que logo no ponto 1 acrescenta: Este direito não pode ser impedido ou limitado por qualquer tipo ou forma de censura.
Pois muito bem. Mais de quatro décadas após a aprovação da Constituição, como estamos em Tomar, no que se refere a liberdade de informação na área política? Não muito bem, infelizmente. Nas margens nabantinas, escrever sobre temas políticos, de política local, é semelhante a escrever sobre o Kamasutra num jornal destinado a freiras carmelitas.
Para que não haja dúvidas, eis os títulos de hoje do blogue Tomar na rede, o único não condicionado pela atual maioria socialista, (além do Tomar a dianteira 3, bem entendido):
1 - Na TVI Tony Carreira critica Ministério público
2 - Lixo acumula-se nos contentores
3 - Camião derruba marco do correio
4 - Despiste provoca um ferido
5 - Centro de vacinação não tem livro de reclamações
6 - Apelo: carteira perdida
7 - Telemóvel roubado de sala de dentista
8 - Segurança tenta apanhar ladrão e é esfaqueado
9 - Parabéns à Escola Secundária Jácome Ratton
10 - Condutor fica sem carta depois de apanhado duas vezes a conduzir bêbedo
É isto o essencial, ou sequer o mais importante que ocorreu em Tomar nesta altura? Não há Câmara? Não há Assembleia Municipal? Não há partidos políticos? Não há pré-campanha eleitoral? Não há eleições autárquicas em Setembro/Outubro?
Então porquê esta tristeza? Este lamentável estado de coisas?
O administrador do Tomar na rede é um jornalista dotado e experiente. Se mais não publica é porque mais não há para publicar. E se mais não há para publicar é porque os políticos que conseguiram sacar o poder tudo fazem para o manter. A começar pelo prudente silêncio, que evita terem de debitar asneiras. Quanto aos eleitores...
Sobre o caso Tejo Ambiente, por exemplo, em que a AM rejeitou a transferência de 812 mil euros, mais do dobro da participação inicial do sócio fundador Município de Tomar,
A - A Câmara ainda não explicou como tenciona ultrapassar o obstáculo imprevisto;
B - PSD, BE e CDU, que rejeitaram a proposta do executivo, ainda não vieram a público explicar porquê;
C - Os deputados municipais que se abstiveram, tornando possível a rejeição, também ainda não justificaram a sua posição;
D - Os outros 5 presidentes de Câmara (Barquinha, Ferreira, Mação, Ourém e Sardoal), questionados por Tomar a dianteira, ainda não responderam, e já lá vão mais de duas semanas.
Em ocasiões anteriores, tendo sido solicitadas informações contidas em documentos oficiais, as Câmara de Santarém e de Leiria nunca responderam. Mas o destaque vai para o ex-presidente Rodrigues (PS), de Torres Novas. Questionado sobre as despesas municipais com telemóveis, recusou informar. Acionado junto da CADA, ao abrigo da Lei do direito à informação, não deu andamento. Intimado pelo Tribunal administrativo de Leiria, concedeu que enviaria os dados solicitados logo que tivesse funcionários disponíveis para o efeito.
Liberdade de expressão e de informação, não é? Com políticos assim e uma população amorfa, não é fácil ser pároco de semelhante freguesia.
Só não somos a vergonha da União Europeia porque estamos para aqui perdidos na ponta mais ocidental, onde a terra se acaba e o mar começa, como escreveu Camões, que era zarolho. Por isso metemos sempre tanta água.
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