segunda-feira, 3 de maio de 2021

 




Caso Tejo Ambiente

ANABELA FREITAS TENTA 
INVERTER A CORRENTE DO JOGO

António Rebelo

O título supra é em "futebolês". Escolhi-o por me parecer que é a melhor descrição da realidade, e tendo em conta que Portugal é um país cheio de treinadores de futebol.
Em declarações à Rádio Hertz, que pode ler e ouvir aqui:
a srª presidente da câmara, que é uma pessoa inteligente, simula que não percebeu bem o que acaba de lhe acontecer na Assembleia Municipal.
Mesmo aqui tão longe, julgo ter entendido a mensagem implícita dos deputados municipais, que votaram contra ou se abstiveram. Que será esta (peço a favor de desmentirem, caso esteja enganado): O executivo tem de pagar e nós temos de aprovar antes. Mas queremos contrapartidas e mostramos assim o nosso desagrado pela sua gestão.
Em vez de aceitar as coisas como elas são, procurando dialogar Anabela Freitas invoca a legislação em vigor, no caso a Lei 50 de 2012, que no seu artigo 40 determina a obrigatoriedade do pagamento da quota-parte que cabe a Tomar, no descalabro financeiro da Tejo Ambiente: 812 mil euros. Termina dizendo que a lei terá de ser cumprida. Nem era preciso lembrar. Como titular de um cargo público de provimento por eleição, está obrigada a respeitar uma série de coisas, a começar pelo princípio da legalidade.
Uma vez que enveredou pela via legislativa, podia ter acrescentado o que a mesma Lei 50/2012 especifica para os eventuais suprimentos de capital: Ou já existe uma soma dedicada a esse efeito, no orçamento municipal em vigor, aprovado pela Assembleia Municipal; ou a dita soma é insuficiente/inexistente e nesse caso deve o executivo providenciar uma revisão orçamental, a aprovar pela AM antes de qualquer transferência.
Uma vez que Anabela Freitas resolveu submeter à aprovação da AM a obrigatória transferência, isso indica em bom rigor que não dispõe de verba dedicada para esse efeito no orçamento atual, embora até possa ter cabimento para ela. Por conseguinte, a transferência do antes referido montante terá sempre que voltar à Assembleia Municipal, para aprovação. A tal condição sine qua non.
Caso a presidente do executivo resolvesse transferir a verba em questão antes de obtida a necessária aprovação da AM, isso constituiria um ilícito penal, uma prevaricação grave, que pode implicar perda de mandato e de direitos civis por determinado período de tempo. Apesar disso, em declarações ao Cidade de Tomar, Anabela Freitas parece estar disposta a trilhar esse caminho perigoso: "...pelo que o Município irá proceder à transferência, sob pena de incumprir a lei. Neste espírito os documentos orçamentais e documentos de cabimento foram ambos presentes à Assembleia Municipal." Que votou contra, senhora presidente, não os aprovando portanto. Pelo que, caso a srª insista em ir por aí, estará a violar de forma grosseira a Lei das finanças locais, a qual estabelece de forma clara que nenhuma verba pode ser utilizada para determinado fim, antes de aprovada pela AM. E como sabemos a AM rejeitou a proposta do executivo.
Se ainda assim houver transferência, será ilegal. Tudo vai depender depois da própria AM. Ou procedem em conformidade com a Lei,  votando nomeadamente a solicitação imediata de um inquérito administrativo à atuação do executivo  recusando depois debater ou aprovar o orçamento para 2022. Ou  limitam-se a fazer figura de corpo presente no parlamento de uma espécie de mini-república das bananas, onde já vale tudo. 
Aguardemos.

1 comentário:

  1. Este episodio é (mais) um que mostra bem a noção desta senhora presidente, de serviço publico .
    Há prejuizo? Paga-se. O dinheiro não custa a obter, os erros (politicos e tecnicos) que provocaram esta situação pouco interessam. E saber quem foram os resp+onsaveis e quanto receberam pelo trabalho, muito menos!
    O que interessa é pagar à empresa de que a senhora é presidente, a Tejo Ambiente.
    O desprezo pelo dinheiro dos contribuintes, venha ele da cobrança de taxas e impostos pela autarquia, venha do orçamento de estado, é o mesmo de sempre, total.
    E é esta senhora, presidente de camara, e presidente da entidade que substituiu os SMAS em certos serviços(em operação em que todos fomos amplamente informados e consultados), e que se apresenta logo no 1º anos de funcionamento com este prejuizo (não é deficit, é prejuizo), que quer levar mais quase 1 milhão de euros dos impostos por nós pago para tapar (mais) um buraco.
    Lições de gestão e de administração atrás de lições, vamos pagando.
    Até ao dia em que dissermos não, como agora os nossos representantes na AM souberam dizer.
    Imaginemos agora as negociações entretanto em curso para convencer (ou obrigar?) alguns deputados a mudarem o sentido do seu voto...

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