sexta-feira, 14 de maio de 2021

 




Imagem Rádio Hertz

Estalagem de Santa Iria

HÁ  ALGO QUE ME ESTÁ  A  ESCAPAR...

António Rebelo

Segundo relata O Mirante (clicar mais abaixo), o vice-presidente Hugo Cristóvão anunciou que têm decorrido conversações com os novos concessionários tomarenses da Estalagem de Santa Iria, de propriedade camarária, para os informar sobre as obras de requalificação que ali podem ser feitas. As últimas datam dos anos 80 e consistiram na ampliação para um total de 12 quartos, bastante pouco para um estabelecimento hoteleiro de nível:
Há algo que me está a escapar nesta delicada matéria, bastante sensível.  Além dos detalhes acima, outros são avançados, incluindo a duração e a denúncia do anterior contrato de concessão. Faltam porém dados essenciais para a cabal compreensão de todo o estranho processo, e ressalta o caráter repetitivo da intervenção de Cristóvão, que já aqui há tempos veio com a mesma música. O único elemento original que agora avança é o prazo dado aos novos concessionários, que devem concluir as obras até à Páscoa de 2022.
Entretanto continuam por responder várias perguntas, feitas por tomarenses mais chegados a estas coisas:
1 - O concurso de concessão, algo atribulado, foi ganho por uma empresa de Leiria. Logo a seguir um ou vários quadros superiores do município alegaram que se tratara de um concurso ilegal, porquanto previa obras não permitidas pelo plano de pormenor daquela zona.
2 - Contra todas a expetativas, o concurso de concessão não foi anulado, nem os quadros superiores envolvidos inquiridos formalmente sobre os fatos contestados. O que é estranho, tratando-se alegadamente de um procedimento administrativo ilegal.
3 - Seguiu-se um período opaco, de muitos meses, durante o qual os empresários leirienses mudaram de razão social, e acabaram por vender a nova entidade daí resultante, e tornada titular da concessão, a dois empresários tomarenses do ramo hoteleiro.
4 - A designação da empresa vendida é uma clara alusão à prática de ações geralmente associadas ao velho faroeste americano: Era uma vez em Tomar, Lda. Que práticas foram essas? São apenas 44 kms até Leiria e fala-se a mesma língua, embora nem sempre a mesma linguagem.
5 - Tendo em conta tudo o que antecede, com relevo para as prolongadas conversações entre a autarquia e os novos concessionários, seria bom obter em tempo oportuno resposta às seguintes questões:
A - Como foi ultrapassado o incidente de alegada ilegalidade, uma vez que não houve anulação do concurso?
B - Se na versão inicial não era possível fazer determinadas obras, o que forçou os anteriores concessionários a vender, agora já é possível? Porquê? Houve entretanto alteração do mencionado plano de pormenor? Porquê só mais tarde?
C - A Câmara tem alguma garantia de que os atuais titulares da concessão vão mesmo fazer as obras e explorar aquele estabelecimento hoteleiro?
D - O prazo dado, até à Páscoa de 2022, não será apenas uma maneira engenhosa de retirar um assunto melindroso da agenda eleitoral?
Quem escreve estas linhas considera o vice-presidente Cristóvão, e todos os outros envolvidos, cidadãos sérios e honrados, acima de qualquer suspeita, até prova em contrário. Conviria por isso que a autarquia facultasse quanto antes uma explicação completa, suscetível de acabar com as dúvidas que se murmuram por essa cidade fora, e que um dia destes podem até chegar a Leiria, e mesmo ao poder judicial, a ser caso disso. 
Todos teremos a ganhar.

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