sábado, 22 de maio de 2021

 



Ruinas da fábrica de papel de Porto Cavaleiros

Autárquicas 2021

Falta liderança planeamento e estratégia

António Rebelo

Na recente cerimónia de assinatura do acordo de coligação CDS-MPT-PPM, o conterrâneo Francisco Tavares, secretário nacional dos centristas, fez uma notada intervenção, na minha opinião corajosa e muito bem escrita.
Começou por denunciar a triste situação do concelho nabantino, mal gerido por eleitos pouco competentes e sem qualquer estratégia, tendo por principal objectivo, acrescento eu, receber o vencimento e as mordomias inerentes. O resto que se lixe.
Focou depois a situação da indústria, cujo colapso atribuiu à errada opção autárquica de apostar só ou sobretudo no turismo, e aí discordo em parte. Por duas razões. Primeiro porque continua por fazer o estudo aprofundado e comparativo das principais indústrias tomarenses, que foram falindo e nunca ninguém conseguiu recuperar. Depois porque, penso eu, baseado em cuidada observação factual, a aposta excessiva no turismo nada teve a ver com o colapso industrial. Até porque, bem ponderada a situação, conclui-se que nunca houve em Tomar qualquer aposta no turismo, para além do simples blá-blá-blá de circunstância.
Com a notável excepção de António Paiva, que errou bastante mas também fez muito, e deixou obra, os restantes presidentes nunca mostraram saber o que era liderança, planeamento, táctica ou estratégia, tanto na área do turismo como nas restantes. Foram-se deixando guiar quase exclusivamente pelos fundos de Bruxelas, procurando adaptar os projectos locais a esses fundos, e não o inverso, como deveria ser.
De tal forma que, se agora não temos um hipódromo em Tomar, não é decerto por falta de equídeos, mas apenas porque Bruxelas ainda não atribuiu verbas para esse fim específico.
Assim se explica que na área do turismo, por exemplo, apesar da  opinião pública ter interiorizado a ideia errada de se tratar de uma aposta da autarquia, a verdade é que continuam a faltar estruturas de acolhimento, susceptíveis de não envergonhar os tomarenses, e de permitir em simultâneo "canalizar" os visitantes, de forma a trazê-los do Convento para a cidade antiga e aumentar a permanência.
Não é difícil de conseguir. Até  tenho há anos um plano nesse sentido, que todavia os senhores eleitos se recusaram liminarmente a discutir, o que não me surpreendeu. Todos falam de turismo, mas na verdade poucos sabem do que estão realmente a falar. São em geral formados em "tudologia", uma especialidade muito partilhada em Tomar e no país. O problema é quando se trata de passar da conversa à prática. Ou quando se aproximam campanhas eleitorais.
É também por isso que estamos cada vez pior, e com tendência para o agravamento. Mas enquanto em Tomar se "continuar a respirar cultura viva", tem alguma importância?
Para os instalados não tem. São segregacionistas. Quem não é por eles, é contra eles. E como os outros se vão acomodando, enquanto pingarem ordenados, vencimentos  e subsídios, tudo bem no melhor dos mundos possíveis. mesmo quando visivelmente a barca tomarense já mete água por todos os lados. 
Falta também e sobretudo honestidade intelectual. Não se enganar nem enganar os outros deliberadamente.

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