Política autárquica
PLANO DIRETOR MUNICIPAL
E DESCENDÊNCIA, S.A.
António Rebelo
A Câmara de Rio Maior anunciou há pouco tempo a aprovação de um Plano de desenvolvimento económico para 10 anos, segundo a informação regional. Trata-se de um município do distrito de Santarém, governado pelo PSD com 5 vereadores, contra 2 do PS, representantes de 17.706 eleitores inscritos, metade do eleitorado tomarense.
Entre 2013 e 2020, o eleitorado riomaiorense registou uma queda de 2,87%, que compara com 8,8% no concelho de Tomar.
Num tal contexto, a pergunta impõe-se: Então e Tomar, não apresenta nenhum plano de desenvolvimento, nem que seja para menos tempo? Pois parece que não. Na sua recente entrevista, a srª presidente limitou-se a falar de 50 casas de renda limitada, caso venha a ser reeleita e, já depois disso, a informação local noticiou obras de dois milhões para ornamentar o Flecheiro, mais umas centenas de milhares para enfeitar a Rua Coronel Garcês Teixeira, vulgo troço da Estrada da Serra.
Compreende-se esta posição da maioria PS. Conseguiram ultrapassar há tão pouco tempo esse Cabo das Tormentas que foi a revisão do Plano Diretor Municipal, que se sentem compreensivelmente cansados. E depois, bem vistas as coisas, também devem considerar que seja redundante avançar com outros planos. Se já vão no segundo mandato sem planos, para quê complicar?
Afinal, o PDM em vigor é um verdadeiro monumento burocrático -uma lástima, queixam-se alguns- elaborado por uma empresa acima de qualquer suspeita. Tão insuspeita que logo na altura da assinatura do acordo de execução, após o concurso público, ofereceu ao sr. presidente da altura, Dr. Pedro Marques, eleito pelo PS, o uso gratuito até ao final do mandato de uma viatura Volvo topo de gama, equipada com rádio-telefone. (Está a ver que a atração pelos bons carros, tipo Mercedes, é mais antiga do que pensava...)
A obra final, fruto da colaboração dos técnicos dessa empresa com os da autarquia e outras autoproclamadas sumidades locais, saiu como se sabe. Excelente, porém um bocadinho complexa demais. De tal forma que a indispensável revisão foi mesmo o cabo dos trabalhos e ficou aquém do que seria possível, caso tivesse havido vontade.
O referido PDM tem contudo uma grande virtude, cardeal nos tempos que correm. Numa terra em acentuado despovoamento, é muito bom a gerar descendência. Já tem muitos planos de pormenor seus filhos, bem como alguns planos de alteração aos planos de pormenor, seus netos. E isso é que conta, para quem realmente nos governa a nível local, que podem muito bem não ser os eleitos.
Eles é que sabem. Uma vez que o povo parece contente, para quê complicar as coisas com planos de ação? O PDM chega e sobra para tudo. Até para correr com a população.
Aguardemos os resultados das próximas autárquicas. Amen.
Brilhante prosa, belo texto.
ResponderEliminarInfelizmente, é pertinente.
Brilhante prosa, texto certeiro.
ResponderEliminarInfelizmente para todos nós