sexta-feira, 28 de maio de 2021

 

Imagem de toiro a investir e a ser espetado com duas garrochas

Política local

DESNORTE E 
PROPAGANDA MALICIOSA

António Rebelo

Compreende-se a situação pouco ou nada confortável da actual maioria socialista na autarquia. Em 2013 ganharam por poucochinho (menos de 400 votos de diferença), e ainda não entenderam como nem porquê. Em 2017 conseguiram um triunfo um pouco mais folgado, graças a um arranjinho de última hora, propiciado pela eutanásia dos IpT, e também ainda não entenderam porquê.
Este ano o contexto é bem mais complexo. As obras feitas não abonam nada, antes pelo contrário. Não se prevê qualquer eutanásia partidária, e em vez das seis formações candidatas (PS, PSD, BE, PCP, CDS e PTP) de 2017, desta vez já vamos nas sete. Temos mais o CHEGA e o VOLT, duas estreias absolutas, que ninguém sabe no que vão dar.
Se a tudo isto juntarmos as consequências da pandemia, bem como a modestíssima contribuição negativa deste blogue, que alegadamente não vale nada, mas incomoda muito quem assim alega, temos realmente um quadro bem sombrio, como nunca houve antes, capaz de levar ao desnorte mesmo os mais sensatos.
Com acesso à caixa, os exageros promocionais da equipa socialista nabantina, a tal compra de votos,  começaram logo na elaboração do orçamento para este ano. Mais de meio milhão para subsídios às colectividades e 750 mil euros para promoção turística, são enormidades apenas toleráveis num concelho cujos eleitores não são propriamente muito reivindicativos, ou sequer participativos. Parece estarem-se nas tintas, como se o dinheiro não fosse dos impostos de todos nós. Santa ignorância.
Sabedores disso, alguns assessores exteriores, bem pagos via ajustes directos, aconselharam fortemente o lançamento de campanhas promocionais, no quadro do apoio ao comércio, muito prejudicado pela pandemia. Matar dois coelhos com a mesma cajadada. Ajudar os comerciantes e sacar-lhes os votos. Toma lá dá cá.
Dados os anunciados bons resultados da campanha natalícia em 2020, que também ajudou à propagação do virus, a autarquia resolveu lançar nesta primavera o programa turístico promocional "Tomar Check-in". É um título pretensioso,  numa terra que nem aeroporto tem, num raio de 100 quilómetros, e que está na origem da aparente notícia mais abaixo, afinal apenas propaganda política disfarçada, que nem sequer respeita a verdade factual:

"TOMAR CHECK IN" ESTÁ A SER UM SUCESSO"

"A campanha  "Tomar Check in" está a ter resultados positivos; as unidades hoteleiras da cidade estão praticamente lotadas e os turistas estão a investir no comércio local. Autarcas estudam a possibilidade de prolongar a campanha por mais tempo." 
O MIRANTE on line, Sociedade, 27/05/2021
https://omirante.pt/sociedade/2021-05-27-Tomar-Check-in-esta-a-ser-um-sucesso-87e59601

Procurando evitar, na medida do possível, algum mal entendido, esclareço que considero O MIRANTE um semanário sério e bem feito, no qual JAE infelizmente não pode editar tudo, que a idade não perdoa e o tempo não é elástico.
No caso do texto reproduzido, excluindo a última frase, mesmo assim com uma redundância desnecessária (prolongar a campanha, terá de ser inevitavelmente por mais tempo), tudo o resto é apenas conversa para entreter, tipo rebéubéu, pardais ao ninho. Querem ver?
"Tomar check in está a ter resultados positivos." De que maneira uma campanha de distribuição gratuita de euros, tipo "sopa dos ricos", poderia ter resultados negativos? Se não aparecesse ninguém para receber a esmola? Que se entende afinal por "resultados positivos" em relação aos 300 mil euros para as esmolas aos ricos? Qual o retorno efectivo, devidamente quantificado?
"As unidades hoteleiras da cidade estão praticamente lotadas." É falso. Foram contactdas três unidades ao acaso, e a opinião foi praticamente unânime: "Lotados? Era bom era! Houve uma melhoriazita, devido ao amainar da pandemia,  e alguma ajuda da câmara, mas nada de triunfalismos. São mais as vozes que as nozes. Se calhar nem compensa gastar assim tanto dinheiro que depois vai faltar noutros lados."
"Os turistas estão a investir no comércio local." Investir é um verbo muito traiçoeiro, que pode ser intransitivo, transitivo e até pronominal. Traiçoeiro porque, nas suas três principais serventias, a mais nobre é pouco usada (Marcelo Rebelo de Sousa foi ontem investido na sua alta função), a segundo é tauromáquica (era um toiro nobre, investiu com denodo até ao fim) e a terceira meramente empresarial (a Câmara já investiu mais de um milhão de euros na compra disfarçada de votos).
Conclusão, turista gasta. Não investe. E tão pouco investe pelo estabelecimento adentro, como um toiro na arena. Era o que faltava! Por conseguinte, tenham a bondade de futuramente arranjarem quem saiba servir-se mais adequadamente da língua materna. É o mínimo.
Quanto ao conteúdo em geral, peço desculpa mas vou ter de insistir na conhecida quadra do Aleixo:

Prá mentira ser segura
E atingir profundidade
Deve trazer à mistura
Qualquer coisa de verdade

Nesta notícia, a verdade é pouca e a profundidade atingida praticamente nenhuma. Acontece aos melhores, em tempo de stress. Sai-lhes o tiro pela culatra. 
Olhó passarinho!!!

1 comentário:

  1. Uma noticia paga e bem paga, a CMT a investir na imprensa regional, assim não falam mal dela e o Mirante arrecada uns trocos, se não for o caso o Mirante têm que se retratar, porque a noticia é completamente falsa.

    ResponderEliminar