sexta-feira, 21 de maio de 2021

 




Educação e ensino


Continuar a respirar cultura, não é assim?!?

António Rebelo

Num daqueles "desarrincanços" que já se vão tornando habituais na maioria socialista que nos administra a nível local, apareceu agora mais uma série de eventos para tentar comprar votos, com o título global  "Tomar Cultura Viva".
Haverá cultura morta? Combalida? Convalescente? Ferida? E também se pode Tomar, mesmo assim?
Escreveu o saudoso e pouco conhecido poeta popular António Aleixo que
Prá mentira ser segura
E atingir profundidade
Deve trazer à mistura
Qualquer coisa de verdade
Assim estamos com a nossa querida autarquia. É verdade que lá vão fazendo qualquer coisinha, a maior parte das vezes apenas o que calha, mas essa léria da cultura viva e do respirar cultura, não passa de reles treta, para escamotear o que todos sabemos -trata-se apenas e só de tentar comprar votos. Demasiado caros, por sinal. Porque depois até pode haver beneficiados que fazem como os peixes mais velhos: comem o isco e defecam no anzol.
Tem dúvidas? Pois aqui vai uma série de exemplos factuais, que contrariam a ideia de que em Tomar "é possível continuar a respirar cultura". Quem vive ou viveu no vale nabantino durante muitos anos, entremeados com longas estadas alhures, sempre notou que na cidade templária se respira muita coisa. Cultura, inteligência, competência, tolerância, entreajuda, infelizmente não. É pena, mas é assim.
Para procurar confirmar que não pode haver omeletes sem ovos, eis alguns resultados da classificação nacional dos estabelecimentos de ensino secundário, a partir dos respetivos exames nacionais, publicados nos jornais de hoje.
A melhor classificada na região é a Escola secundária da Maceira (Leiria), em 43º lugar. A melhor do distrito de Santarém é o CE Fátima, em 61ºTorres Novas aparece em  179º e 195º.
Em Tomar, Santa Maria dos Olivais figura em 252º e Jácome Ratton em 382º. Nada brilhante, como se pode ver. Pior só mesmo Abrantes, em 289º e 409º.
A usual desculpa da interioridade não colhe. A Covilhã surge em 65º e a Guarda em 153º.
Perante isto, tendo em conta que, segundo o ditado popular, "quem sai aos seus não degenera",  que tal deixar-se de cultura viva, presunções, arrogâncias, afigurações e outras ilusões, e aceitar as coisa como elas são? Abandonando o facilitismo e a cultura-espetáculo, como a oferecida pela autarquia, e inculcando nos educandos a ideia de que sem muito trabalho nada se alcança, é bem possível que os resultados dos exames nacionais comecem a melhorar lá mais para diante.
 Com afirmações do tipo é possível continuar a respirar cultura em Tomar, só podemos contribuir para agravar a situação. Porque é evidente que ninguém pode respirar uma coisa que só existe na cabecita de meia dúzia  de comparsas mal formados e mal formatados.
Como por exemplo quem dirige a Escola Secundária Santa Maria do Olival, em 252º lugar a nível nacional, segundo o OBSERVADOR. Apesar de tal classificação, a senhora diretora lá conseguiu encontrar uma outra, já compensada, no PÚBLICO, que lhe atribui o 4º lugar no distrito de Santarém. Pior e  na mesma escala, só Abrantes.
Em declarações à Rádio Hertz, mostrou-se satisfeita, orgulhosa até, por ter alcançado a tal 4ª posição no ranking distrital. Numa cidade que foi durante muito tempo a 1ª e única no distrito, ter agora uma escola em 4º lugar e outra bem mais lá para trás, será para celebrar? Ou para lastimar e arregaçar as mangas?

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