Exploração de imigrantes
POR CAUSA DE UM
FICAMOS TODOS COM MÁ FAMA
António Rebelo
Em geral alheios ao mundo que os rodeia, muitos tomarenses estarão se calhar convencidos que essas questões de imigrantes, de mão de obra explorada, de alojamentos precários, de que agora se fala, só acontecem noutras regiões do país. No Alentejo ou na Região do Oeste, por exemplo. Em Tomar não. Será mesmo assim?
Leia este excerto do EXPRESSO de 14/05/2021
"Baldev Singh tem 47 anos, e na Índia, onde ficaram a mulher e os três filhos, já são quase horas de almoço. A sua vida é uma montanha-russa: saiu de Punjab em direção à Malásia, onde trabalhou durante 12 anos; depois, chegou à Europa e esteve no Reino Unido por quase oito anos. No final do ano passado veio para Portugal, de onde saiu no inverno e regressou há menos de um mês, agora direto para Almeirim, na região do Ribatejo, para trabalhar numa exploração agrícola. “Isto aqui aconteceu em novembro”, aponta. Falta-lhe parte de um dedo da mão esquerda. “Da outra vez que cá estive, tive um acidente no trabalho e ninguém me ajudou.” É muito preciso ao relatar o “um mês e nove dias” que passou ao serviço de uma fábrica de carvão em Tomar, que lhe prometeu “salário e alojamento, mas nada”. “Ainda tive que pagar a renda e a conta de €20 da eletricidade.” Ao Expresso, a Carbrica, a empresa ao serviço da qual Baldev perdeu o dedo, não negou o caso, referindo que o homem “foi acompanhado pela empresa de trabalho temporário”, recorrendo “excecionalmente” a estes funcionários extra."
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