quarta-feira, 5 de maio de 2021

 



Política local


O DESDÉM NUNCA É A ATITUDE ADEQUADA

António Rebelo

Derrotada de surpresa na AM, ao que tudo parece indicar, Anabela Freitas escolheu o confronto em vez da contemporização. Ficou arreliada. Ou melhor, o habitual desdém manteve-se, e já foi mesmo assinalado em plena Assembleia Municipal por um dos deputados municipais, como se a srª fosse da nobreza e todos os adversários da ralé,  quando devia começar a haver outra atitude, mais consentânea com aquilo que se vai viver até às eleições. Vir à boca de cena (leia-se Hertz e Cidade de Tomar) para lançar que a Câmara está obrigada a pagar os 812 mil euros, apesar do voto contra da AM, é debitar uma evidência e acirrar os ânimos inutilmente. Porque inevitavelmente vai ter de haver negociações e cedências entre as partes. Dissimuladamente, claro. E o povo vai murmurar depois que houve arranjinho.
Tanto mais que acontecimentos posteriores  mostram estar a maioria PS local  sem munições, nem vontade de as conseguir, por casmurrice. Anunciar nesta altura outra obra de ornamentação  para 2022, na zona do Flecheiro, mesmo com a respectiva verba de 2 milhões já garantida, mostra a penúria de ideias que grassa nas hostes socialistas. E não entusiasma de forma alguma os tomarenses, que ficam com dúvidas em relação a tudo o que deva começar só depois das eleições. De promessas não cumpridas está o inferno pavimentado.
Sem programa de trabalho, nem planos de médio-longo prazo, é provável que os socialistas nabantinos estejam a contar com a usual impreparação do PSD e a insignificância eleitoral dos restantes contendores. No estado estado actual das coisas, após tanta asneira rosa, quem pode garantir que assim vai ser de novo? A história não se repete. Quando ocorre algo semelhante, se antes foi drama, depois é comédia, e vice-versa.
Já estou a imaginar o discurso de Anabela Freitas, caso venha a ser derrotada em Setembro/Outubro próximo: Não conseguimos vencer, mas também não perdemos o orgulho, nem a dignidade. Nunca cedemos, porque aquilo que defendemos não é negociável. Caímos de pé, como as estátuas e as árvores. Nas próximas eleições cá estaremos, para mostrar aos tomarenses, que desta vez nos abandonaram, quem tinha e tem razão. Porque seguimos no sentido correto da história. Quando se sabe velejar à bolina, até o vento contrário ajuda.
Lindo! Lindo! Lindo! Risos da oposição e aplausos rosa. Até pode haver uma ou outra lágrima furtiva. Tarde demais. Há atitudes imperdoáveis. O desdém, por exemplo.

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