quinta-feira, 27 de maio de 2021

 



Autárquicas 2021 natalidade e decadência

Mudar de tema por falta de matéria comentável

António Rebelo

Quarta à tardinha (já noite avançada em Tomar), é dia de ler a imprensa local, e de comentar a usual entrevista de  pré-campanha eleitoral do Cidade de Tomar. Chegou a vez de Luís Santos, candidato do Bloco de Esquerda à Câmara. 
Lidas e relidas as suas  declarações, o meu comentário é que não encontrei matéria para comentar. Sem desprimor para ninguém. Nem jornalistas nem entrevistado. Apenas achei tudo dentro daquilo que esperava, portanto sem pretexto para criticar, sem entrar no domínio da má-fé. Aqui fica o registo, que provavelmente não será filho único. Logo se verá.
Num outro órgão informativo local, o Tomar na rede, li uma notícia sobre a queda da natalidade em Tomar, um outro sintoma da decadência do concelho, que me deixou preocupado. Numa tabela com dados do INE que, ignoro porquê, não inclui Ourém, o concelho que lidera o Médio Tejo em termos de população, verifica-se que desde 2016 o total anual de nascimentos registados de mãe residente no concelho de Tomar tem sido sempre inferior ao de Torres Novas. Situação incómoda, pois Torres Novas é apenas a 3ª cidade do Médio Tejo quanto a população, mas tem vindo a diminuir a diferença ainda favorável a Tomar.
Em 2009, Torres Novas tinha menos 5.878 eleitores inscritos que Tomar, mas em 2020 essa diferença reduziu-se para menos de metade: 2.742 eleitores inscritos. Juntando os vários dados, menos nascimentos, mais emigrantes, mais falecimentos, conclui-se que Tomar está mesmo numa situação cada vez mais crítica.
Oportunidade excelente para as várias candidaturas irem além das habituais frases bonitas e usuais promessas habilidosas, tendo a coragem de anunciar as medidas que julgam necessárias para ultrapassar a crise demográfica, e quando e como tencionam implementá-las. 
Sem isso, o melhor é estarem calados. Convém ter sempre presente que cerca de 50% dos eleitores inscritos já se abstêm ou votam branco e nulo. Mais precisamente 51,99% em 2017, na freguesia urbana, que representa quase metade dos inscritos que votam. Quando os eleitores recusam escolher, pois o voto é sempre uma escolha, é porque consideram que não há candidatos à altura. Uns por isto, outros por aquilo, porém todos aquém do desejado pelos abstencionistas, votos brancos e votos nulos.
Para quando uma mudança substancial do inadequado sistema eleitoral que temos? Faz algum sentido, por exemplo, que os presidentes de junta, que são executivos, tenham assento na Assembleia Municipal, o órgão legislativo e fiscalizador? Ou que o eleitor escolha automaticamente uma lista de 14 cidadãos (sete efectivos e sete suplentes), ao fazer a cruzinha para a Câmara? Uma pessoa nem os cabeças de lista consegue conhecer bem, quanto mais agora um grupo de 14 criaturas. É o chamado voto no escuro. E as pessoas preferem tudo às claras, para evitar equívocos.

1 comentário:

  1. Mais uma boa cronica...apesar de focar 2 temas de importancia decisiva, e a merecerem, cada um, tratamento autonomo.
    O declinio demografico e a decadencia de Tomar, e do Concelho, e a reforma do sistema eleitoral.
    Quanto ao quer parece ser a irreversivel rota para que Tomar venha a ser uma irrelevante cidadezinha, é muito triste ter que concordar com o A. Rebelo.
    O que não se entende é porque continua toda a gente, em especial os responsaveis autarquicos, a assobiar para o ar, e a proferir discursos de quase euforia com factos diversos como referencia. E ignoram (oun querem ignorar...) quen são co-responsaveis pela degradação socio-econiomica de Tomar.
    Que fique claro que não tenho qualquer intuito persecutorio ao PS, que domina a Camara municipal, e conduz a Cidade, e o Concelho. Porque este é um mal que é visivel já há algumas decadas, e o comportamento dos então responsaveis autarquicos, foi o memso: assobiar para o ar, como se nada estivesse a acontecer. Mas os protagonistas, são agora do partido socialista, reforçado com alguns "independentes".
    Certo é que Tomar já tem, e continuará a ter, menos Comercio, menos Serviços, menos Industria, e menos Emnprego.
    Ou sejam menos qualidade de vida.
    Mas, parece que ninguem se importa, a julgar pela ausencia de
    reações às cronicas do Tomar a Dianteira.
    Não se importam os Partidos e seus responsaveis, que são os principais protagonistas deste enredo de declinio.
    Não se importam os Cidadãos, que são as principais vitimas.
    Seja.

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