terça-feira, 11 de maio de 2021

 

Foto Tomar na rede

Economia local

PAVILHÕES DEVOLUTOS DE VALE CABRITO 
AGORA RECINTOS PARA PADEL

Há situações que custam a entender

António Rebelo

Penso que, mesmo quem como eu ainda não desistiu de criticar, com o intuito de contribuir para que as coisas melhorem, fica contente ao constatar que continua havendo investimento privado, contribuindo para o desenvolvimento da cidade e do concelho.
Desta vez, trata-se da nova afetação dos pavilhões de Vale cabrito. Previstos na origem para uma fábrica de mosaicos, nunca serviram para tal, devido ao súbito falecimento do empresário, num acidente de viação. Sucederam-se, ao longo de algumas dezenas de anos, variadas tentativas de reconversão, todas efémeras. Esta dos recintos para padel é a mais recente:
Trata-se, ao que foi dito na inauguração, de um investimento privado de cem mil euros, que cumpre saudar, aproveitando para desejar muito sucesso aos seus promotores. Mas os problemas são vários, como sempre acontece, sobretudo em Tomar. 
Logo na cerimónia de abertura, que contou com a presença da presidente Anabela Freitas e do seu vice Hugo Cristóvão, um dos dinamizadores da iniciativa falou da dificuldade de transporte e pediu a ajuda da Câmara. Momento para relembrar que em Tomar, infelizmente, em muitas situações não há infraestruturas, nem planos para as mandar executar.
Neste caso do esforço da Tomar padel, trata-se de uma localização delicada. A cerca de 5 quilómetros do centro da cidade, a  ligação ideal, tratando-se de desportistas, seria a bicicleta, a trotinete, o skate ou os patins em linha. O problema é que as duas ciclovias da avenida Nun'Álvares terminam na Rotunda do padrão. A partir daí, embora a via seja convidativa porque em terreno plano, como não há passeios, nem bermas em condições, nem ciclovia, circular a pé ou num dos meios antes mencionados, equivale a um episódio da série "O perigo é a minha profissão". Estou certo que nenhum paí ou encarregado de educação consentirá que os seus educandos se façam à estrada, como seria desejável se existissem estruturas adequadas. E um minibus para fazer o vaivem fica caro. Resta portanto aguardar que Bruxelas faculte mais fundos para requalificar estradas nacionais, e que a Câmara aproveite para ornamentar mais um troço da EN 110, como já fez na avenida Nun'Álvares. Com pistas cicláveis em paralelopípedos de calcáreo e tudo.
Há ainda uma outra vertente a considerar. Sem contestar de forma alguma o direito de cada investidor privado promover os negócios que melhor entender e onde entender, resulta curioso verificar que há em Tomar fartura de pavilhões em plena cidade: Jácome Ratton, Santa Iria, Santa Maria dos Olivais, Nabância, Gualdim Pais, Nun'Álvares Pereira, Municipal. Com tantos pavilhões urbanos, adaptáveis e  parcialmente ocupados, porque resolveram estes senhores do padel instalar-se em Vale Cabrito, a cinco quilómetros da cidade e sem transportes urbanos?
Terá havido demasiadas tranquibérnias da parte da usual panelinha dos Paços do concelho? Não seria a primeira vez, nem coisa parecida.

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