Autárquicas 2021
O DILEMA DOS ELEITORES TOMARENSES:
VOTAR EM QUE LISTA E PARA QUÊ?
António Rebelo
Este texto não deve ser lido por aqueles eleitores que confundem partidos políticos com clubes de futebol. Seria tempo perdido para eles. Votam sempre no seu clube, quer vença quer perca, quer jogue bem, quer jogue mal, e estão no seu direito. Todos temos o direito de ser felizes.
Os outros, todos os outros eleitores, estão perante um dilema: Votar para quê? Votar em que lista? A primeira resposta é fácil. Tão fácil que nem vale a pena estar aqui a dá-la. Já a outra, votar em quem, tem que se lhe diga.
É uma evidência. Não há nada mais parecido com uma senhora portuguesa, loira, simpática, cinquentona, mãe de filhos, funcionária do centro de emprego e por aí adiante, do que outra senhora portuguesa, loira, simpática, cinquentona, mãe de filhos, funcionária do centro de emprego e por aí adiante. Assim são as candidatas do PS e do PSD em Tomar. Uma escolha muito difícil, como se vê.
Para complicar, tudo indica nesta altura que os restantes componentes de cada lista tão pouco serão do agrado geral. Se a isto juntarmos que previsivelmente não vai haver programa nem projeto à altura, para separar as candidatas, que fazer? Escolher entre a peste e a cólera? Entre a fome e a vontade de comer? Entre o sol posto e o pôr do sol?
Há, é certo, os outros partidos, mas esses sabemos bem que até agora nunca passaram de simples animadores de pista. Daqueles que só aparecem no espetáculo para mobilar o tempo entre duas atrações. Não é agradável, mas é assim. Pode-se portanto votar neles, porém com a clara noção de que será apenas para animar a festa. E eventualmente para eleger um vereador de quando em vez. Com muita sorte. Será diferente desta vez?
Resta portanto a abstenção, dado que votos brancos e votos nulos também só servem para ornamentar as tabelas de resultados. Mesmo assim, apesar do sistema eleitoral que temos, você continua a acreditar que "votar é um direito e um dever cívico"? Pois seja! Mas então procure portar-se à altura.
Conquanto irmãs praticamente siamesas na política, a Dª Anabela Freitas e a Dª Lurdes Fernandes estão, em termos de consequências, separadas por um abismo, embora se mostrem igualmente obstinadas. Se a votação na lista PS permitir mais uma vitória, a terceira seguida, os tomarenses devem preparar-se para um mandato ainda pior que os anteriores. Convencida de estar cheia de razão, porque venceu, Anabela Freitas tenderá a cometer muito mais erros e a agravar aselhices anteriores, além do usual desdém, tanto mais que será o seu último mandato, aconteça o que acontecer.
Ao invés, o voto no PSD dará à sua cabeça de lista a possibilidade de mostrar o que vale. Mesmo que não seja de primeira água, o programa laranja não tenha qualidade e o projeto não exista, ou tenha sido mal apresentado, numa campanha eleitoral pobre.
Fica portanto ao cuidado de cada um, como é lógico. Se acha útil dar a Lurdes Fernandes o benefício da dúvida, vote PSD, caso tenha coragem para tanto. Se pretende apenas mais animação na política local, vote num dos pequenos partidos. Pode ser que desta vez tenham sorte.
Mas por favor não vote PS, a menos que seja militante ou adepto ferrenho, dos tais clubistas. Caso contrário, estará a contribuir para prejudicar ainda mais o concelho. Porque uma senhora que, durante os seus dois mandatos, viu partir quase quatro mil emigrantes, rumo a outras paragens mais clementes, e mesmo assim está convencida que governou bem, pelo que se recandidata, só pode ter um modo bem singular e perigoso de ver as coisas. Convém não esquecer: Simpatia e festarolas, é uma coisa. Competência e rigor, outra bem diferente, que tem feito muita falta no vale nabantino. A interioridade tem as costas largas.
Sem comentários:
Enviar um comentário