segunda-feira, 27 de setembro de 2021



Resultados eleitorais 

Votos condicionados

Estou daqui a ouvir os apoiantes mais caipiras das candidatas vencedoras, rejubilando com os afinal modestos resultados conseguidos, numericamente inferiores aos de há quatro anos. Ao que parece, na nova realidade socialista, resultados mais fracos são considerados mesmo assim melhores que os anteriores. Tempos estranhos estes!
Em vez de exagerar nas celebrações, era capaz de ser melhor começar desde já a tentar perceber a complicada e perigosa realidade envolvente, buscando soluções inovadoras para os problemas que assolam a cidade e o concelho. 
Pela parte que civicamente entendo que me toca, resolvi analisar em detalhe os resultados tomarenses do PS e do PSD, no sentido de no futuro poder vir eventualmente a minorar as suas consequências nefastas.
A primeira conclusão a que cheguei, já consta do texto anterior. Detectei em Portugal dois tipos de cidades, quanto aos resultados eleitorais. Por um lado, os centros urbanos vivos e pujantes, cujos cidadãos souberam enfrentar a realidade menos favorável, apresentando candidaturas credíveis, e venceram. Casos de Lisboa, Coimbra, Figueira da Foz ou Alcanena, por exemplo.
Por outro lado, os concelhos conformados, com candidaturas pouco motivadoras, em termos de actuação durante o mandato a findar, ou lideradas por personalidades nitidamente pouco qualificadas, que apesar disso conseguiram repetir resultados anteriores, embora perdendo votos. É o caso de Tomar.
Como explicar os êxitos relativos do PS, queimado por um mandato para esquecer? Com que argumentação justificar a votação conseguida pela lista PSD, liderada por uma candidata nitidamente desprovida de qualificações básicas?
No meu entender, pedindo desculpa por ser tão agreste para com os meus conterrâneos, pois não encontro outra explicação, trata-se de milhares de votos condicionados. Quero dizer, de sufrágios do tipo cão de Pavlov.
Como bem sabemos, (os que sabem. claro), o investigador russo resolveu tocar uma campainha sempre que alimentava o cão da experiência. Tempos depois, tocou a campaínha sem dar comer ao animal, tendo verificado que o cão salivava mesmo assim sempre que ouvia a campaínha. É a célebre demonstração do reflexo condicionado.
Mutatis mutandis, que é como quem diz comparativamente, foi o que parece ter-se passado nestas eleições em Tomar. Durante anos e anos habituados a comezainas, passeios, eventos, subsídios e discursos maviosos, para votarem como convém, milhares de tomarenses, a maioria dos que ainda votam, habituaram-se a fazer a cruzinha nos dois partidos dominantes do costume. Um até 2013, outro desde então.
Agora basta dizer eleições, votar, PS ou PSD, para que, conformados, façam a cruzinha no local certo, como convém, sem pensarem nas consequências do que estão a fazer. Tudo bem, no melhor dos mundos possíveis? Nem pensar! Os dinheiros da Europa não vão durar muito mais anos e sem criação de postos de trabalho produtivos, e de valor acrescentado, quando acabarem já não haverá Tomar como agora a conhecemos.
Apenas uma vilória insignificante, maioritariamente habitada por funcionários públicos, reformados e aposentados, com larga percentagem de portadores da doença do alemão e congéneres. É isso que os tomarenses querem?

1 comentário:

  1. É isto que os Tomarenses querem.. precisam de serem conduzidos por um cacique, seja PS ou PSD.
    O alheamento face a candidaturas não PS(D) - nem que fosse como voto de protesto ou aposta noutra abordagem - é demonstrativo que gostam e querem ser governados por caciques e estão confortavelmente satisfeitos com a vida que têm..

    A conclusão é: quem está mal que se mude (para Ourém, Torres Novas, etc) e tal como na governação do país a estratégia PS é garantir votos de 20% da população- seja por almoços, empregos, subsídios, alcatrão até à casota do cão..
    A estratégia PSD é continuar a brincar à política. Com estes resultados eleitorais, os Tomarenses legitimaram esta equipa do PSD (e programa, etc etc) pelo que o que estamos a ver agora será o mesmo daqui a 4 anos, a diferença é que o PS irá "renovar-se" com a subida do Vice

    Os Tomarenses nos últimos anos escolheram ser mais uma "Sertã", Barquinha.. assim será

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