Informação local

                                        O seu a seu dono

Pela segunda semana consecutiva, com o seu brio habitual, o distinto colega José Rogério publica, no site da Rádio Hertz e no Cidade de Tomar, prosa elegante a defender a utilidade daquilo a que chamam "debates" eleitorais. 

Convém insistir, procurando alertar os mais distraídos. Verdade, verdadinha, não se tratou de nada disso. Apenas, em cada caso global, de uma série de entrevistas paralelas, às rodelas, como se faz com a charcutaria cilíndrica.

É de resto muito curiosa esta constância na defesa de um modelo ultrapassado, quando afinal continuam a ser ignoradas as bases sobre as quais se supõe estar apoiado. Para que pode servir afinal proclamar que o "debate" X ou Y foi muito interessante, muito visto, muito ouvido e muito útil para os eleitores, quando afinal ignoramos totalmente a amplitude real do auditório respectivo? Apenas para entreter o pagode, para não usar outro verbo mais forte.

Quem ouviu/viu realmente os "debates" locais? Tiveram todos coragem para aguentar até ao fim? Ninguém sabe, como de resto sucede ao longo de todo o ano. Qual o auditório das duas rádios locais, antes, durante e após a campanha eleitoral? É um mistério insondável. Estão em causa postos de trabalho, que um inquérito sério às respectivas audiências, talvez condenasse definitivamente, coisa que seria nefasta para todos, a começar pelos trabalhadores. Mesmo com os modernos recursos enganadores da NET.

É sabido, pelos mais interessados, que os tomarenses em geral fogem da política, e dos textos relacionados com política, como antigamente se fugia da peste. Prova disso reside no principal blogue local, (cujo nome omito deliberadamente, pois sabemos bem do que estou a falar), que muito raramente ousa publicar um comentário ou uma análise da carácter político, tendo até resolvido interromper prematuramente a sondagem política que iniciou. E depois querem que durante as campanhas eleitorais apareçam vastas audiências? Tenham juízo! Sejam minimamente sérios. Afinal, os alegados "debates" foram úteis para quem?

Estas linhas que estão lendo, integram um blogue cujo leitorado médio diário é da ordem das três centenas, tendo subido durante a campanha eleitoral para as quatro/cinco centenas. Tudo gente habituada a ler sobre política. Agora imaginem a audiência média diária das duas rádios locais e respectivos sites, bem como o leitorado médio dos dois semanários tomarenses, que ao longo do ano cultivam o alheamento político.

Não há nada melhor que respeitar a verdade e manter a modéstia, em vez de andar a vender quarteirões como se fossem milhões. Se durante anos desprezam os escritos políticos, não podem depois, em determinadas alturas, pretender que algumas iniciativas políticas possam congregar vastos auditórios. Deixem-se de fantasias, que só podem prejudicar um concelho já em acentuada decadência demográfica.

Todos precisamos de ganhar a vida, é bem verdade. Mas convém que tal se faça com honradez e processos transparentes, sem tentar atirar poeira para os olhos de alguns mais atentos. Que depois não podem manter-se calados, como se nada fora.