Autárquicas 2021/ Informação/ Análise/Debates

Seis contra uma (Ou serão só cinco?)

Ou mais precisamente, uma incumbida e cinco incumbidos contra a incumbente. Conquanto a incumbida, provavelmente... É isto que está marcado para sábado, a partir das 17 horas, na Rádio Hertz. 

Já aqui se escreveu o que se pensa dos debates que não sejam um contra um, olhos nos olhos e fé naquilo em que se acredita. Só depois se percebeu que os tomarenses não conseguem (ou não lhes convém?) encarar a coisa como ela é realmente. Mais uma consequência de se viver numa cova. Há muita dificuldade para se enxergar e ver o mundo exterior. 

Além de uma inevitável salganhada, em que, no final, todos se vão lastimar de não terem conseguido dizer ou perguntar tudo o que levaram na cartola, o debate anunciado é também o mais injusto, (ou o menos equitativo se quiserem), de todos os modelos possíveis.

A que vamos assistir afinal, bem vistas as coisas?  De um lado a incumbente, a presidente da autarquia, ainda em exercício até à tomada de posse da ou do vencedor da compita do dia 26. Do lado oposto, seis incumbidos que logicamente só podem atacar a incumbente, pois pretendem tirá-la do lugar, pela via legalmente prevista. É isto equitável? De modo algum. Enquanto os seis vão logicamente para atacar, (salvo talvez a representante laranja), criticando o que foi feito e  o que está por fazer, a incumbente vai unicamente para defender o seu desempenho. Aquilo que fez ou deixou de fazer e porquê, bem como tentar sacudir a água do capote, quando lhe pareça adequado.

Deste evidente desequilíbrio, pode até vir a resultar uma situação a que aspiram alguns políticos mais habilidosos, como forma de melhor se salvarem, apesar de uma actuação menos conseguida. Trata-se do martírio. E todos nos lembramos instintivamente daquele que pregaram na cruz, entre dois ladrões, há 21 séculos, e tudo o que daí resultou até hoje.

Cuidado portanto, respeitáveis incumbidos. Façam como melhor vos aprouver, porém sem esquecer que está em causa o futuro de uma comunidade decadente de quase 40 mil habitantes. O vosso desempenho vai ser afinal tão arriscado como o da incumbente. Se não a atacarem  eficazmente, se  "não houver sangue", (em sentido figurado, bem entendido), vão dizer que foram incapazes de vencer o debate. Se, pelo contrário, resolverem atacar mesmo, e o fizerem de forma excessiva, vão criar uma coitadinha, uma mártir. E o eleitorado tomarense, com alguma influência católica, parece gostar de coitadinhos e de mártires. No vale nabantino a hipocrisia está bem e recomenda-se.

Um apartado final, para referir a eventual actuação da única incumbida, a representante laranja. É quase certo que, seguindo a estranha forma de fazer política de Rui Rio, vai começar por declarar que não está ali para atacar a incumbente, mas para apresentar e defender o seu programa. Seu dela, candidata PSD, obviamente. É uma posição como outra qualquer em termos de valor, que até já apresentou uma vez na Rádio Hertz. Mas que tem tanto a ver com aquilo de que a política tomarense necessita nesta altura, como um saco de batatas com uma escultura futurista. Será afinal, se vier a acontecer, mais uma flagrante oportunidade perdida.

Boa sorte e bom debate para todos os intervenientes. Coragem e muita paciência para os auditores, com ou sem imagem. Ser contra o modelo, não significa ser contra as pessoas, incluindo os organizadores.