quinta-feira, 16 de setembro de 2021



Política local/Autárquicas 2021/Responsáveis

Currais de porcos, pandemia e emigração

Em tempos, era comum ver por todo o lado currais de porcos imundos. Eram coisas precárias, de madeira, sem esgoto nem fossa, com os animais a chafurdarem 24 horas por dia. Apesar disso, nunca incomodaram ninguém, mesmo com o cheiro nauseabundo, salvo raras excepções. Eram indispensáveis para a subsistência dos lares de agricultores ou operários-agricultores, que os salários eram magros.
Vieram a ser suprimidos ou muito melhorados, não pela identificação e punição dos responsáveis, que oficialmente a autarquia nunca  soube quem eram, mas pela obrigação de cumprir as normas europeias.
Já europeus de corpo inteiro, com o cabeçalho União Europeia em cada passaporte, constataram-se nestes dois últimos anos dois fenómenos também muito desagradáveis, como os currais de porcos. Refiro-me à pandemia e à emigração.
Quanto à doença, após múltiplas prevenções de origem diversa, Tomar acaba de ascender ao nada invejável e muito desconfortável lugar de nº 1 do pódium regional. Com 81 infectados e mais 50 em observação, estamos muito à frente de Abrantes, Ourém ou Santarém. Culpados? Responsáveis? Não há. Trata-se de uma simples fatalidade nabantina. Como os currais de porcos de triste memória. Alguns dos quais, já de acordo com as normas europeias, vão poluindo o Nabão pela calada da noite. Adiante...
Outra fatalidade, foi a divulgação dos resultados do recenseamento geral da população. E logo em ano de eleições. (Onde é que aqueles gajos do INE têm a cabeça?!) Também aí, Tomar ocupa um honroso 3º lugar no podium distrital em termos de redução da população, com menos 10,4% nos últimos dez anos. Melhor só mesmo a Chamusca, com menos 14, 7%, e Abrantes, com menos 12,8%. Digo melhor, porque quanto menos gente houver, mais espaço há para os ficantes.
Responsáveis? Culpados? Não há. Trata-se, consoante os casos, de uma fatalidade nabantina, abrantina ou chamusquence (ou será chamusquina?). Quando muito, assim em pequeno comité muito restrito, admitem alguns senhores eleitos que os culpados são os próprios emigrantes, esses ingratos que resolveram abalar, apesar das excelentes e cada vez melhores e mais variadas condições de vida em cada uma das localidades. 
Em Tomar, segundo me disseram, a mais recente é a extraordinária possibilidade de mendigar junto dos turistas que visitam o Convento. Ou, melhor ainda, arrombar-lhes os carros durante a visita e roubar o que calha. Responsáveis? Culpados? Não há, apesar de o estacionamento ser municipal e pago. É mais uma fatalidade tomarense.
Em conclusão, para todos os fins úteis, aqui se deixa escrito que os senhores autarcas nunca são, nem devem ser considerados responsáveis por qualquer ocorrência desagradável. Em contrapartida, qualquer êxito, qualquer obra, qualquer evento de sucesso, a eles e só a eles deve ser atribuído.
Bem clamava a Ivone Silva, que era de Ferreira do Zêzere: Isto é que vai uma crise!!!

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