sábado, 4 de setembro de 2021

 

Autárquicas 2021

Modelo eleitoral em vigor
provoca abstenção e facilita o carneirismo

Estamos em plena campanha para as próximas autárquicas, já daqui a três semanas, e surgem uma vez mais os dois problemas de sempre: A taxa de abstenção, que tem vindo  a subir, e a alegada inconsciência de grande parte dos eleitores.
Num sistema eleitoral onde não há praticamente candidatos, mas apenas listas, e onde só podem concorrer partidos ou grupos capazes de recolher milhares de assinaturas de apoio, faz pouco sentido surpreender-se depois com a elevada percentagem de abstencionistas.
Como bem sabemos, qualquer sociedade é composta por cidadãos iguais em direitos perante a lei, que só num segundo tempo integram ou não determinados grupos. Por conseguinte, ao confrontar-se com um modelo eleitoral que força cada um a votar numa lista, embora possa querer apoiar unicamente um dos membros, o cidadão tende a manifestar má vontade. A sentir-se usado. E na vez seguinte já não vai votar. Aplica a célebre doutrina popular "à primeira todos caem, depois só cai quem quer".
Há depois um outro fenómeno que desencoraja muitos dos mais capazes, sem paciência para integrar o grupo dos "carneiristas". Aqueles que agem sempre em grupo e em conformidade com as tendências do grupo.
Em Portugal, e em Tomar, nota-se a existência de grupos numerosos de cidadãos que praticam a clubite na política, sem disso se darem conta. De que se trata? Daquela situação bem conhecida dos adeptos dos clubes desportivos, para os quais o seu clube merece sempre ser apoiado, mesmo quando joga mal e os resultados são péssimos. Pode-se condensar naquela conhecida frase americana "São uns incapazes, mas são os nossos incapazes".
Está-se mesmo a ver os estragos que pode causar a transferência para a área política de semelhante mentalidade. Enquanto na área desportiva os vários resultados não têm praticamente qualquer influência no dia a dia de cada adepto, excepto para os jogadores, dirigentes e outros intervenientes, na política podem provocar os piores desastres.
Convém por isso, caros conterrâneos, deixar o clubismo em casa na altura de votar. A equipa que está no poder governou bem, ou nem tanto assim? Se não conseguiu resultados satisfatórios, daqueles que estão à vista de todos, só há uma atitude cívica responsável: Mesmo que sejam do seu partido, não vote neles de novo. É a única maneira de não agravar o desastre. E evita andar depois a queixar-se de problemas pelos quais também  é responsável, porque ajudou a elegê-los.
Sei bem do que falo. Em 2017 votei PS e só não estou arrependido, porque não adiantaria nada.

2 comentários:

  1. A questão do carneirismo é terrível, mas vi agora algo ainda pior.. a sobranceria e obscurantismo que grassa por estes lados é cada vez mais evidente e às claras..

    Refiro-me à reuniao de câmara de dia 30/AGo (só o inicio, que fiquei com voltas no estomago) uma coisa que me deixou ESTARRECIDO, um pobre cidadão que foi corrido como um CÃO, e onde são dadas "informações" que induzem em erro todos os demais..
    O mais grave é que ninguém naquela reunião disse NADA sobre o que se passou, comeram todos e calaram e o senhor foi maltratado publicamente.

    Reunião Publica do executivo da Câmara Municipal de Tomar 30/AGO/2021
    https://www.youtube.com/watch?v=eGI-AS3lXyo (minuto 10, aprox):

    - um cidadão apresenta-se na reunião, dizendo que recebeu uma resposta da Câmara (via carta UM ano depois), relativamente a uma queixa (ou pedido de informação, não percebi) onde questionou a CMT se é aceitável construção de muros de suporte com +3m de altura terra e fossa, 2 barracões, atravessamento de estrada municipal com tubagens; já que a resposta da CMT foi de que não havia nada a assinalar seriam "trabalhos de manutenção de muros"

    - cidadão refere que não tem qualquer conhecimento de projetos do seu vizinho, que já houve embargos e que até a GNR foi ao local e verificou a construção de fundações novas..

    - A Presidente da Câmara na resposta ao pedido do cidadão começa por dizer:
    a) "nenhum cidadão tem conhecimento do processo de outro cidadão"
    Isto é uma rotunda falsidade, está consagrado o direito à informação no RJUE, artigo 110º.
    Num processo semelhante (vizinho queria saber de informação sobre predios vizinhos) a CMT já tinha sido intimidada a facultar a informação ( https://www.cada.pt/files/pareceres/2020/042.pdf ), o que diga-se é NORMAL noutras câmaras facultam até um formulário específico (claro que esta câmara nunca iria disponibilizar algo assim, agora entendo..)

    b) "O senhor não pode afirmar que a pessoa que está a falar entregou cá projeto, processo de licenciamento, isso é só do conhecimento do particular
    - Outra falsidade, qualquer operação urbanistica que seja submetida na câmara tem que ter no local da obra uma placa de aviso dizendo várias coisas (como o nome do requerente, o NÚMERO DO PROCESSO, dados sobre a intervençao , etc)
    Se for um pedido de licenciamento, a placa tem que dizer obrigatoriamente " ESTA OPERAÇÃO NÃO ESTÁ LICENCIADA", se for um alvará de obras, deverá ter o nº do respectivo documento.
    O requerente destes pedidos nas camaras (isto é legislação nacional!) tem 10 dias para colocar o aviso, caso contrário está sujeito a multa


    c) "Problemas entre privados não é competência da Câmara"
    - a Presidente da câmara desviou totalmente a conversa, não dando resposta às questões / reclamações do cidadão..

    d) "A Câmara nunca lhe vai dizer quais são os processos de outro particular que cá estejam a decorrer (...) esse processo só diz respeito a ele, a informação só é dada a ele ou alguém a quem ele tenha dado autorização

    Ver isto deixou-me extremamente envergonhado, o cidadão saiu da sala pior do que tinha entrado, sem qualquer apoio, encaminhamento, nada.. pelo contrário foi escorraçado e mandado para os tribunais..
    MAIS VERGONHOSO ainda é ninguém naquela sala contradisse ou pediu correção do que foi dito, sejam outros vereadores e em especial o com o pelouro do Urbanismo que tem obrigação de saber isto de cor e salteado

    Ninguém fez caso, não entendo..
    https://www.youtube.com/watch?v=eGI-AS3lXyo

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    1. Parece-me oportuno relembrar a propósito a interrogação do mexicano Cantinflas: Vamos debater o assunto como cidadãos e cavalheiros, ou como aquilo que somos realmente?
      Ninguém escapa àquilo que é de facto. A quem vem de baixo, foge-lhe sempre o pé para o chinelo.

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