domingo, 26 de setembro de 2021

 


Autárquicas 2021-Conclusão

O pior resultado para Tomar

Fui outra vez demasiado ingénuo, por estar em causa o futuro desta minha amada terra. Cuidei e previ nestas páginas que ia haver mudanças, bem necessárias para ultrapassar a grave crise que assola a cidade e o concelho. Perder mais de 10% da população em dez anos, é inquietante e carece de correcção urgente, sob pena de involuntário suicídio colectivo.
Devo estar a perder qualidades. (Se é que alguma vez as tive. Se calhar é só bazófia minha.) Seja como for, a verdade é que esqueci um postulado da química, neste caso fundamental para explicar este estranho resultado eleitoral tomarense. Segundo Lavoisier, "as mesmas causas, nas mesmas condições exteriores, produzem sempre os mesmos efeitos." E eles aí estão. Os mesmos eleitores, uns comprados outros acomodados, só podem votar do mesmo modo,  Num concelho de incapazes em termos de massa cinzenta e educação cívica, uma gestão política abaixo de sofrível, consegue gerir o prejuízo e manter-se no poder, não só graças aos votos comprados, mas também e sobretudo, devido à manifesta inaptidão política da principal candidatura adversária.
Quanto a esta última, é caricato verificar que, apesar de erros crassos que seria ocioso voltar a enumerar, consegue manter o mesmo número de eleitos. Pior ainda, os resultados finais mostram que, se tem feito a ampla coligação à direita, que lhe foi sugerida, designadamente neste blogue, ganhava. Assim, com os outros dois eleitos, irá provavelmente continuar a lamentável actuação dos seus antecessores. 
É certo que ambas as candidatas perderam votos em relação a 2017. O PS conseguiu menos 815 sufrágios favoráveis, e o PSD menos 569. Mas, pensando um bocadinho, deve tratar-se dos adeptos que entretanto faleceram, mais um ou outro que emigraram. E as respeitáveis senhoras nem vão pensar mais nisso. Importante mesmo é o poleiro. O resto que se lixe.
Agora que o mal está feito, ao contrário do sucedido noutras cidades ainda vivas, como por exemplo Coimbra ou Figueira da Foz, cujas populações, sentindo a crise, ousaram e conseguiram mudar, resta identificar claramente os perigos, para que depois não possam dizer, respeitando a verdade, que ninguém avisou.
O principal é a auto-suficiência arrogante. Ambas as cabeças de lista, agora eleitas, são assaz conhecidas para se poder afirmar, sem margem para dúvidas, que se vão sentir confortadas nas suas passadas actuações medíocres. Afinal, uma conseguiu renovar o seu poder, sem qualquer perda significativa, apesar das asneiras cometidas, enquanto a outra evitou o desastre, apesar dos clamorosos e sucessivos erros, que são do domínio público.
Terão portanto tendência para continuar a impôr os seus pontos de vista, por considerarem que sempre estiveram cheias de razão. Por conseguinte, até provas sólidas em contrário, não devem os tomarenses esperar qualquer mudança. Vai ser o habitual. Muita festa, muita música, muitos subsídios, obras para enfeitar, muita conversa, algumas promessas, a oposição a aplaudir, o concelho a definhar a olhos vistos, e os tomarenses a emigrarem. Oxalá me engane outra vez, o que seria excelente para a comunidade tomarense.
Mas lá está o tal axioma do Lavoisier, a lembrar que a população tomarense se tem mostrado sucessivamente, e acima de tudo, conservadora, acomodada e até algo masoquista. Lopes Graça bem clamou em tempos Acordai !!!. Apesar disso, surdos ou obstinados, continuam a dormir. Contentes? 
Vai ser a triste sina dos que por cá vão continuar. Eu só mantenho praticamente o domicílio fiscal. Por enquanto.

4 comentários:

  1. Mas se o António apelou á abstenção!!! Agora não se queixe!!!! Mantenho tudo o que tenho escrito aqui no seu blogue:

    . Os Tomarenses não votam em programas. Pode vir o programa mais inovador e funcional que será certamente ignorado. Repare que apesar de ter uma equipa muito má e o programa ser também muito mau o CHEGA fica em terceiro.
    . Os Tomarenses não votam CDS. O Fernando Caldas Vieira foi ingénuo ao pensar que tinha hipótese.
    . Quem quiser ser eleito tem de concorrer pelo PS ou PSD e tem de ter uma estrutura que tem ande no terreno a prometer coisas, além obviamente de um marketing forte nas redes sociais. Espero que hajam eleições brevemente no PSD Tomar e que quem avance seja desenvolto a falar.

    Nem os problemas com o lixo e a água alteraram alguma coisa!!! Estou muito feliz pelo PS ter "apanhado" a nível nacional. Ao menos isso. ..

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    1. Bem vistas as coisas, o PS não "apanhou" só a nível nacional. Em Tomar também perdeu 815 votos em relação a 2017, o que corresponde ao resultado da CDU. Doravante, que autoridade política terá uma senhora que perdeu bastantes votos entre os dois mandatos? Vai desculpar-se, dizendo, como habitualmente, que a outra ainda é pior? É evidente, mas também tipo relógio Ómega -não atrasa nem adianta.
      Lá para o meio do mandato se constatará que estamos em pleno reino do blábláblá, com o concelho a afundar-se.

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    2. Ia a esquecer-me. Eu não me queixo, Helder. Os resultados eleitorais a nível local, estes ou quaisquer outros, não me afectam de forma alguma em termos materiais. Não procuro benesses, nem sou avençado, ou cliente da gamela. Limito-me a desejar o que julgo ser o melhor para a nossa amada terra, mas não tenho tido sorte nenhuma. É quase só oportunistas de baixo quilate, como está à vista.
      Resta-me fazer como aconselham os meus amigos gauleses: "faire contra mauvaise fortune bon coeur".

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    3. Mas só quem come da gamela é que se pode queixar???? E os outros, os pagantes de impostos para meter a ração na gamela???!!! Eu estou na mesma situação que o António, sou emigrante e nem sequer tenho aí a minha residência fiscal,felizmente, porque esse país tem impostos altissímos e cada vez são menos os pagantes para sustentar a "vara". Mas apesar de não me afetar diretamente eu sinto-me revoltado por ver que as coisas não combinam, não fazem sentido!!!! Não entendo que com a cidade e o país a definharem se continue a votar nos mesmos, e que a abstenção seja tão elevada, desceu mas ainda é o partido mais votado. Não entendo como é que continuamos com uma economia dos subsídios europeus, a Europa não para de imprimir dinheiro, está-se a criar a mãe de todas as crises, para pagar os luxos e as promessas dos políticos, que não falam disso, da maneira como eles falam dá ideia que o dinheiro é inesgotável. Quando um país ou um bloco deles vai ao fundo arrasta os outros com eles.

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