Autárquicas 2021-Apelo final

Procurar limitar os estragos

Ponto prévio

O texto seguinte só é publicado porque tenha plena consciência de dois factos:

1 - Tomar a dianteira é um modesto blogue pessoal, com pouca audiência. Na melhor das hipóteses, haverá apenas 500 leitores para mais este comentário. Que são 500 eleitores, num universo possível de 34 mil?

2 - Se escrevesse num órgão de grande tiragem, ou mesmo num site local com bastante audiência, ainda pensaria duas vezes. Assim, sendo as coisas o que são, uma vez que está demonstrado, segundo os oráculos locais, que aquilo que escrevo não influencia ninguém, aí vai.

No meu tosco entendimento, proveniente de 80 anos de vida, assaz movimentada e bem vivida, o que permite comparações para muitos outros fora de questão, nunca a situação eleitoral em Tomar foi tão complexa e tão desanimadora, desde o 25 de Abril.

Temos de um lado uma maioria absoluta, que em vez de aproveitar esse facto para fazer aquilo de que Tomar precisa -elaborar um projecto sólido, debatê-lo, aprová-lo e começar a implementá-lo- resolveu abusar em toda a linha. Quem duvide fará o favor de ler isto, que só peca por ser anónimo e por mostrar cegueira partidária em relação ao PSD: https://tomarnarede.pt/opiniao/64397/

Para os tomarenses amantes da sua terra, que tenham consciência dos erros cometidos pela actual maioria PS, o slogan "No caminho certo" só pode ser um abuso de confiança. Uma ofensa ao bom senso. Uma manifesta falta de modéstia. Para todos os outros é só mais blábláblá.

Do outro lado, para mal dos nossos pecados enquanto cidadãos eleitores, devia haver uma alternativa, por parte do outro pilar tradicional da democracia tomarense. Infelizmente não há, como todos sabemos. A cabeça de lista laranja, embora tenha como companheiros um empresário e um professor universitário reputado, coisas que faltam ao PS, somou asneiras desde o início. Começou por recusar dialogar com quem a contactou para tentar ajudar. Recusou depois qualquer coligação, tipo "orgulhosamente sós", como Salazar. Baldou-se finalmente ao confronto directo com Anabela Freitas, avançando desculpas aciganadas. Ainda por cima, não tem um programa adequado à actual crise tomarense, nem coisa parecida. Nem mentalidade para o arranjar.

Nesta situação, em que de um lado chove e do outro há períodos de chuva, há uma outra vertente que convém realçar. Embora o presente e o futuro nunca sejam meras repetições do passado, há sempre muitos traços comuns. Não sendo por isso garantido que PS e PSD venham a ser as formações mais votadas no próximo domingo, não se pode todavia esquecer que sempre assim tem sido, desde as primeiras eleições autárquicas. Há portanto muito forte probabilidade de que assim volte a acontecer. Convém por isso, na medida do ainda possível, procurar acautelar o futuro da cidade e do concelho, limitando os estragos previsíveis autant que faire se peut.

Tendo em conta os antecedentes, a pior coisa que poderia acontecer a Tomar, em termos eleitorais  no próximo domingo, seria uma votação expressiva, que desse maioria absoluta a socialistas ou a social-democratas. A cavalo nesse bom resultado, qualquer das senhoras iria depois continuar a abusar, num caso, simplesmente exagerar no outro caso.

Seria compreensível, pois para qualquer uma das candidatas, um resultado igual ou superior ao de 2017, demonstraria que os críticos e outros opositores afinal não tinham razão nenhuma, sendo tudo quezílias pessoais.

É portanto indispensável evitar, na medida do possível, que tal situação possa vir a existir. Quanto menos votos nas senhoras, melhor para Tomar e para o concelho. Para evitar tentações de abuso de poder. Como proceder?

Nada mais simples. Se não lhe agrada a abstenção e também não gosta do voto branco ou nulo, tem três caminhos, consoante o seu caso:

A - Se tencionava votar PS, mas sente que não pode, dado o triste desempenho da actual maioria, vote um bocadinho mais à esquerda. Tem pelo menos duas hipóteses sólidas e sem perigo, o BE e a CDU.

B - Se inicialmente a sua ideia era votar PSD, mas entretanto já percebeu que com aquela cabeça de lista e aquele programa não podem ir longe, vote um bocadinho mais à direita. Há dois candidatos que não sendo uma maravilha, já demonstraram que cometem menos erros do que as senhoras candidatas.

C - Se já era sua ideia não votar PS nem PSD, siga por esse caminho, que podendo não ser o certo é pelo menos o seu. E não prejudica ninguém,ao contrário de outros.