quinta-feira, 9 de setembro de 2021

 


Património/Economia/Desenvolvimento

FESTA DOS TABULEIROS: 
UM EXEMPLO DE MÁ GESTÃO MUNICIPAL

Os tabuleiros são um paradigma de Tomar. São lindos, como a urbe e o Convento. São únicos, como a urbe e o Convento: São conhecidos mundialmente. como a urbe e o Convento. São mal geridos, como a urbe e o Convento.
Quando, há já uns bons anos, fui sondado para tratar da classificação do Tabuleiros como património Mundial da UNESCO, porque antes já propiciara a inclusão do Convento de Cristo na almejada lista, expliquei que era prematuro. Acrescentei que primeiro era necessário actualizar a festa, respeitando a tradição,  mas tornando-a um cartaz turístico anual, capaz de conseguir avultadas receitas, porque no turismo, tudo o que não é pelo menos anual, não interessa muito. E porque, sem receitas, anda-se às ordens de quem estiver no poleiro camarário. Até que haja dinheiro. E quando não houver?
Os anos passaram. Minado por quezílias internas, o PSD perdeu tangencialmente em 2013. Começou então a liderança de uma senhora simpática, boa conversadora, excelente oradora, mas infelizmente desconhecedora do que já foi Tomar, e sem qualquer projecto englobante para o concelho como um todo.. E, pior do que isso, percebe-se agora, com a síndrome de César na Gália: "Cheguei, vi e venci". Que na cabeça dela parece significar "Eu é que ganhei, eu é que sei, façam o que eu quero e mando." Como refere quem a conhece bem há longos anos, considera-se a última bolacha de um pacote que já não se fabrica. E tarda em entender uma coisa bem simples: Para atrair e/ou fixar população, a prioridade é criar valor acrescentado, ou condições para que tal aconteça, e não mais despesas, a pagar forçosamente pelos mesmos do costume. No modelo de organização actual, onde está o valor acrescentado  dos Tabuleiros, que custaram 600 mil euros aos cofres públicos em 2019?
Em relação à cidade e ao Convento não é fácil mostrar à população que, assim artilhada ideologicamente, a senhora tem cometido quase todos os erros previsíveis, sem jamais assumir que se enganou, ainda menos que errou. Faz parte da sua carapaça partidária. Já em relação à nossa Festa grande, o erro é tão evidente, que não o conseguem escamotear, nem endossá-lo a terceiros. Em vez de ter em conta as premissas acima referidas, mandando proceder à reformulação da festa, que controla de facto, no respeito pela tradição, mas de forma a torná-la rentável, criadora de riqueza, e ainda mais conhecida, fez-se o inverso. Criou-se mais despesa pública.
Julgando meter uma lança em África, e assim mostrar como é que se faz, resolveu a senhora, sem consultar ninguém, celebrar um ajuste directo com um professor universitário alentejano, para elaboração do processo de candidatura dos tabuleiros ao reconhecimento da UNESCO. Custo desse impulso pessoal, até agora, 75 mil euros, mais alcavalas. Resultados práticos? Que se saiba, nenhuns. Já passaram mais de dois anos, desde a vinda a Tomar de um aluno do referido professor, que por aí andou a conversar com pessoas ligadas à festa, e nada. Nem processo, nem candidatura. Nem sequer inscrição dos Tabuleiros na lista do património nacional, condição prévia para a outra candidatura. Apesar de o PS estar no governo.
É a coisas assim que se pode chamar uma boa gestão municipal? É com resultados destes que o PS pretende travar a debandada da população? Devemos votar numa candidata que nunca reconhece erros, mesmo quando eles são por demais evidentes, como é o caso?
É apenas um exemplo. Há muitos outros. Convém não esquecer, antes de fazer a cruzinha. Porque o esquecimento pode sair muito caro a todos.

2 comentários:

  1. Candidatura das Festas do Povo de Campo Maior aceite pela UNESCO
    https://lusomagyarnews.com/candidatura-das-festas-do-povo-de-campo-maior-aceite-pela-unesco/?fbclid=IwAR1yPJjkUjhmMsTN11ZxMCvEj3JhimNjBJOalBmUFQF_dy3gT2GZgqxwozs

    ResponderEliminar
  2. Pode ler-se no texto promocional que as Festas do Povo de Campo Maior, que já não se fazem desde 2015, figuram há três anos no Inventário nacional do património imaterial. Apesar disso, só agora a UNESCO deliberou aceitar submeter à votação final a candidatura de Campo Maior.
    Quanto aos tabuleiros, mais de dois anos após a celebração do ajuste directo de 75 mil euros, para elaboração da candidatura, ainda nem sequer constam do tal inventário nacional.
    Detalhe curioso: Ambas as candidaturas, a de Campo Maior e a de Tomar são lideradas pelo mesmo professor universitário. Deve ser porque a festa de Tomar é mais completa. Além das ruas ornamentadas pelo povo, como em Campo Maior, tem também o cortejo dos Tabuleiros.
    Como escreveu Nini Ferreira, "os de fora gostam de ver os tabuleiros, mas os tomarenses vêem a festa com outros olhos." Outros tempos Nini!
    Agora é tudo tipo pontapé prá frente e depois logo se vê.

    ResponderEliminar