sábado, 4 de setembro de 2021


Esclarecimento prévio

O texto seguinte pretende ser, consoante as palavras e as frases, cómico, divertido, humorístico, irónico, ou sarcástico. Para obter tais matizes, recorreu-se ao exagero e à mudança de nomes.

Trata-se de pura invenção do autor. Qualquer semelhança com a realidade será pura coincidência, pela qual se pede desde já desculpa aos visados. Não se pode prever tudo.

Economia/Turismo/Autarquia

Deslumbrante e pomposa cerimónia
de assinatura de compromisso de compra e venda

Conforme antes prometido, decorreu no passado dia 26 de Agosto, no salão nobre dos Paços do Concelho da Nabância, a luzida cerimónia de assinatura do anunciado compromisso de compra e venda das Ruínas do convento de Santa Foi, para posterior edificação de uma unidade de alojamento ao nível das tradições dos imóveis agora vendidos.
Presidiu a Senhora Alcaldeza, toda de branco vestida, e ornada com o mantéu templário. Rodeavam-na os membros habituais do seu séquito, também com mantéus templários, visivelmente ufanos perante mais este estrondoso êxito da política dita do caminho certo.
Por parte do comprador, o prestigiado grupo hoteleiro luso Vila Rapé, está presente o seu representante de negócios, tendo o presidente do grupo alegado outros afazeres inadiáveis para explicar a sua ausência.
Terminada a cerimónia perante o tabelião privativo da alcaldia, usaram da palavra o representante dos compradores e a titular da vara de mando municipal. O primeiro congratulou-se com os termos do negócio concluído, aproveitando para anunciar que, dado o preço muito vantajoso conseguido, em vez dos previstos 10 milhões de investimento, a Vila Rapé decidiu ir mais longe, aplicando até 40 milhões de euros. Tratar-se-à de um hotel integrando duas torres octogonais, lembrando a charola do Convento, e um total de 160 quartos, em homenagem ao ano da fundação do castelo templário. 
Na sua brilhante alocução final, a senhora alcaldeza revelou a verdadeira dimensão do empreendimento hoteleiro previsto. Além da unidade de duas torres, o Hotel Santa Foi, haverá uma linha de metropolitano entre a unidade hoteleira, Santa Maria dos Olivais e o castelo templário, aproveitando a antiga ligação subterrânea entre a Charola e o panteão templário, usada para as cerimónias fúnebres dos monges cavaleiros, quando chovia.
Após várias outras considerações de grande interesse, que só não reproduzimos por manifesta falta de espaço, pelo que pedimos desculpa, a senhora alcaldeza rematou, bem ao seu estilo:
Os que duvidavam da capacidade da alcaldia para concluir com êxito esta difícil negociação antes das eleições, têm aqui a resposta merecida. Vão pregar para outra alcaldia, porque não há ninguém mais forte do que eu nos limites do condado nabantino.
Houve aplausos, vénias e abraços, após o que se encerrou a cerimónia, que vai certamente ficar gravada nos anais locais, como uma das mais brilhantes e conseguidas de sempre.
Quanto ao hotel, os tomarenses que vão continuando a esperar, porque quem espera sempre alcança. Só não se sabe é quando.

2 comentários:

  1. 40 milhões de €!!! 160 quartos???!!! É mesmo verdade???!!!

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    1. Peço-lhe que leia com atenção a nota prévia que antecede a crónica.
      Que eu saiba, nem mesmo escritura há, quanto mais agora 160 quartos!

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