quarta-feira, 8 de setembro de 2021

 


Alegadas ruinas romanas

Tomarenses cheios de sorte?
Ou um logro de todo o tamanho?

Uma notícia no OBSERVADOR online de hoje, que pode ser lida aqui:
https://observador.pt/2021/09/08/cidade-romana-de-balsa-tavira-era-menor-do-que-se-pensava/
dá-nos conta de algo importante para a história de Tavira. Uma equipa de arqueólogos da Universidade do Algarve, com a colaboração da Universidade de  Cádiz (Espanha) e a participação financeira do Município de Tavira, acaba de concluir mais uma campanha de escavações arqueológicas na Luz Tavira e apresentou o seu relatório final.
De acordo com as respectivas conclusões, a cidade romana de Balsa, antecessora longínqua de Tavira, era afinal mais pequena do que se pensava, embora falte ainda determinar os limites orientais. Tão pouco se confirmou a existência de um porto de pesca no local suposto, pensando-se agora que os restos do mesmo se encontrem mais para o interior, em terrenos privados, como tudo o resto.
Azar dos arqueólogos algarvios, ou manifesta sorte dos tomarenses, no vale nabantino nunca houve dúvidas dessas até agora. Uma única arqueóloga, acompanhada por meia dúzia de principiantes, acertou em cheio, logo nas primeiras escavações. Sustentou e mantém que encontrou a cidade romana de Sellium, mais precisamente o seu fórum, naqueles terrenos atrás dos bombeiros, onde agora a câmara PS está a mandar fazer umas construções, para futura musealização daquilo a que chamam fórum romano.
Como era a cidade? De que vivia a sua população? Quais eram os limites urbanos? Por onde passava a via Scallabis-Conímbriga, assinalada num dos itinerários de Antonino Pio? Continua a não se saber, nem consta interessar.
Importante mesmo é que parece ter-se batido em Tomar o record mundial de pontaria em escavações arqueológicas. Com uma dúzia de buracos no terreno, acertaram logo no fórum. de uma alegada cidade romana. Os tomarenses, e alguns que para eles trabalham, são cá uns sortudos!!! 
No estado actual das coisas, que assim se mantinha há vinte anos, há apenas um pequeno problema. Coisa pouca e sem importância. Mesmo que tudo alguma vez se venha a confirmar, o que já está à vista não tem qualquer interesse monumental, e o restante, se for mesmo romano, está em terrenos privados, sob os prédios circundantes. De forma que convém perguntar em tempo útil: Vão entretanto musealizar precisamente o quê? Para quem? Com que recursos financeiros? Foi feito um estudo prévio de viabilidade económica? Sabem ao menos quanto vai custar no total? São mais quantos empregos públicos? Os contribuintes pagam tudo?
Para que conste, em tempo de campanha eleitoral autárquica, que é quando estas e outras coisas da terra devem ser debatidas. Sem paixão nem favoritismo. Porque, como canta Variações, "Quando a cabeça não tem juízo, o corpo é que as paga, o corpo é que as paga." 
Neste caso, quando a autarquia falha, o povo é que paga. Mas se os eleitores gostam assim, que havemos de fazer?! Assobiar para o lado? Entretanto há quem tenha preferido emigrar para sítios fiscalmente mais clementes. Com menos asneiras autárquicas, que ficam sempre caras.

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