Informação/Política local

Anomalias informativas

Para o fundador e primeiro director do Le Monde, Hubert Beuve-Mery, "Não se pode ter dois tutores em simultâneo, o dinheiro e a informação. Ou então tem de se mudar de registo e desinformar os leitores artigo após artigo." Tal é a situação informativa em Tomar, a três semanas das eleições. Uma evidente anomalia, para não usar um vocábulo mais pesado.

Desde 2013, as coisas foram-se degradando paulatinamente, devido à acção pouco ponderada, e ainda não entendida na sua globalidade, pela actual maioria autárquica. Agora, e desde há tempos, praticamente todas as notícias de Tomar, que incomodam ou podem molestar o poder instalado, são publicadas quase exclusivamente pelo Mirante, um periódico sediado em Santarém. Que, honra lhe seja prestada, fornece informação rápida, completa, e bem redigida. Mesmo quando é desconfortável para alguns.

Entretanto, a informação tomarense vai tentando fazer o mesmo, mas de forma tosca, publicando tudo o que lhe enviam pronto a usar das outras terras. Mas quanto a Tomar, está quieto. Como costuma dizer um amigo meu, "Tem bicho!".

Neste domingo de manhã (estou a escrever às 07H30, hora de Brasília, 11H30 em Lisboa), por exemplo, os vários órgãos informativos nabantinos ainda nada disseram sobre a cerimónia de apresentação da Comissão de honra de Anabela Freitas, que estava marcada para ontem, às 11 horas, no degradado Mouchão. E já passaram 24 horas.

Em contrapartida, Tomar na rede já noticiou o concerto dos Quinta do Bill, de ontem à noite, mas só com fotos, que escrever é um bocado mais difícil. E lá está, pode molestar quem nos governa, ou desagradar a quem aspira a fazê-lo. Por conseguinte, o mal não é só a censura encapotada. A dificuldade para produzir texto original também conta e muito. Para não falar da falta de coluna vertebral.

Em conclusão, assim não vamos longe, meus amigos. Conforme diz o povo, quando resolve ser franco e autêntico, "quanto mais uma pessoa se abaixa, mais se lhe vê o cu." E não é mostrando a base do corpo que se informa capazmente o pessoal.

Todos temos de ganhar a vida? Sem dúvida. Por isso há que dar o corpo à curva quando se impõe. Mas nada de exageros, pois tudo o que é demais, parece mal e por isso nota-se muito.