segunda-feira, 13 de setembro de 2021


Política local/Informação/Transparência

Agora sim, é oficial?

Estava eu cogitando sobre a melhor maneira de apresentar o problema da falta de transparência, ou de franqueza, que parece ser uma maleita nacional, quando li uma notícia da Rádio Hertz sobre a alienação do antigo Convento de Santa Iria:
https://radiohertz.pt/tomar-agora-sim-e-oficial-camara-aprovou-alienacao-do-convento-de-santa-iria-e-antigo-colegio-feminino-ao-grupo-vila-gale/
A questão da falta de franqueza, a que agora se convencionou chamar transparência, pode bem ter origem genética. Recordo-me que o ex-presidente do governo espanhol, o galego Mariano Rajoy, dizia há tempos que os nossos irmãos do norte peninsular, os galegos, são muito dissimulados. "Quando se encontra um galego a meio de uma escada, nunca se consegue saber claramente se ia a subir ou a descer". Sendo dito por um galego a propósito dos seus conterrâneos, forçoso é acreditarmos.
No que toca a Portugal, e particularmente a Tomar, além da bem conhecida atitude dos autarcas que temos, há uma praxis que não engana. Perante a morte, o falecimento, o óbito, o passamento, ou a ida desta para melhor, uma coisa tão simples, mas tão complicada para os familiares e amigos dos defuntos, a informação médica é fundamental.
Quando perguntados ou levados a declarar por escrito a causa da morte, do óbito em linguagem médica, a formula usual é do mais opaco que pode haver: "paragem cárdio-respiratória", que é afinal como morremos todos. E está por aparecer um jornalista desinibido, que ouse questionar: Isso é genérico. Qual foi realmente a causa, ou quais foram as causas da dita paragem cárdio-respiratória?
Confortáveis na sua usual opacidade profissional, que pode servir por vezes para tentar ocultar doenças menos aceitáveis socialmente (cirrose de fígado, sida, "doença do alemão"), os respeitáveis clínicos acabam de dar mais um passo na área perifrástica. Ao ser anunciada a morte de determinada pessoa conhecida em Tomar, substituiram como causa a clássica "paragem cárdio-respiratória", por uma outra ainda mais genérica: "faleceu....devido a complicações de saúde".
Numa terra de um país onde pelo visto não é conveniente mencionar claramente nem sequer a causa da morte de um simples cidadão, não espanta de forma alguma a usual postura dissimulada da actual maioria PS de Tomar.
Na mais recente reunião do executivo municipal, não por mero acaso a última antes das eleições, foi aprovada por maioria a alienação do antigo Convento de Santa Iria au Grupo hoteleiro Vila Galé. A originalidade da situação não reside só no facto de ser a derradeira reunião, mas também e sobretudo no facto de a deliberação poder vir a ser anulada por vício de forma. Com efeito, os senhores vereadores confiaram cegamente na srª presidente. Votaram a favor da dita alienação, sem sequer saberem por quanto. O que é ilegal, sob todos os pontos de vista, por corresponder a malbaratar o património municipal. Agora só falta aparecer quem se queixe, solicitando a anulação da referida deliberação por manifesta ilegalidade.
Em pleno século XXI e numa cidade média de um país da União Europeia, não pode deixar de surpreender que seis eleitos de um órgão executivo, votem a favor de uma venda de património público, sem conhecer antes o montante exacto da venda, as condições a cumprir pela entidade compradora e as respectivas cláusulas de pagamento. Ou seja, a usual falta de transparência, transformou-se numa ratoeira legal que pode vir a ser fatal para o negócio.
"Agora sim, é oficial", titula a Rádio Hertz. Tomar a dianteira prefere outra fórmula: Agora sim, começa um problema e dos grandes. 
Conforme escrito anteriormente, ver para crer, como S. Tomé. Quando e se for assinada a indispensável escritura pública de compra e venda, cá estaremos para comentar. Por enquanto é só conversa eleitoral.

ADENDA ÀS 20H25 de 13/09/2021

Segundo o Tomar na rede, o preço da por enquanto apenas autorizada venda é de 703 mil euros. Cerca de metade do que custou à autarquia a preços constantes. Uma venda ao desbarato, por conseguinte. É isso que a maioria PS pretende ocultar aos eleitores tomarenses antes das próximas eleições. Mais uma prova da falta de transparência e da deliberada intenção de enganar os cidadãos.
Se o montante e as cláusulas da anunciada alienação até vão constar na deliberação, a incluir em acta que é pública, porque raio a emissora oficial do município nada diz sobre o assunto? Foram os ouvintes e os leitores que pediram para não lhes noticiarem vendas ao desbarato e outras desgraças?

1 comentário:

  1. A sõtora Anabela Freitas, presidente da câmara municipal de Tomar, do Município de Tomar, da comunidade do Médio Tejo e da Tejo Ambiente adoptou aquj uma estratégia completamente diferente da Platex, aqui o segredo não foi a alma do negócio.

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