Autárquicas 2021
A QUALIDADE DAS CANDIDATURAS EM TOMAR
Chegam-me ecos de que terei sido demasiado severo -injusto mesmo- ao qualificar de medíocres todas as candidaturas de Tomar. Entendo. Quem assim pensa é quem geralmente considera que, para lá de Carvalhos de Figueiredo, Carregueiros, Venda Nova e Algarvias, já é estrangeiro. Um bocado ao estilo dos portuenses tripeiros, que consideram mouros todos os que vivem a sul do Mondego.
Escrevendo serenamente, é óbvio que as candidaturas locais até não são assim tão más, se as compararmos apenas umas com as outras. A desgraça só vem à tona quando confrontamos com outras candidaturas noutros concelhos, ou com hipotéticas candidaturas ideais.A título de exemplo, compare-se a Figueira da Foz, igualmente em crise, pois perdeu 5,4% da população nos últimos dez anos, apesar de situada na faixa costeira, para onde emigra a população, segundo os nossos candidatos e comentadores.
Com um eleitorado pouco superior a Tomar (56 mil habitantes na Figueira, 40 mil em Tomar), conseguiram uma excelente candidatura externa, que já provocou a ida da TV e vários debates em tête à tête, onde foi evidente o desejo de renovação, e apareceram propostas de mudança, com destaque para Santana Lopes, que as sondagens indicam como eventual vencedor, faltando apenas saber se com ou sem maioria absoluta.
Regressemos agora a Tomar. Onde estão os candidatos mobilizadores? Onde estão as propostas de mudança? As televisões já cá vieram? Já houve debates em tête à tête? (Pelo contrário, após aquele primeiro encontro Rádio Hertz, que não tendo sido um desastre, tão pouco trouxe algo de novo, já houve outro evento com o mesmo figurino, mas agrupando os candidatos à AM, e está previsto para o dia 23 mais um encontro de candidatos à câmara, com o mesmo figurino da Hertz, mas nos estúdios da
Rádio Cidade de Tomar. Que é isto, senão insistir em malhar em ferro frio?).
Mesmo em termos de programas, a miséria é confrangedora. Ainda estamos na época das listagens para enganar tolos. E mesmo aí, há casos de levantar as mãos ao céu. Vejamos um tema particularmente importante para Tomar.Se exceptuarmos dois ou três comentadores que, a coberto do confortável anonimato, dizem ser contra o turismo, insistindo em defender a vinda de indústrias pesadas, não poluentes e pagando bons salários, sem contudo esclarecer onde e como conseguir tais carneiros de cinco patas, a maioria dos tomarenses que pensa e escreve, defende que o futuro económico de Tomar passa obrigatoriamente pelo desenvolvimento do turismo.
O turismo em Tomar é, nas suas grandes linhas, abstraindo a natureza das motivações, como o turismo em Fátima. Ninguém imagina Fátima sem o santuário, sem condições de acolhimento ( sinalização, sanitários, estacionamento, apoio hoteleiro), ou com más ligações entre a Capelinha das aparições e a cidade. Mas ninguém parece chocado com a actual situação tomarense, sem acolhimento digno, sem estacionamento e sem ligação capaz entre o Convento e a cidade.
Perante isto, que propõem as candidaturas tomarenses? Até agora só consegui encontrar duas referências programáticas ao assunto. -O PS promete no seu programa "Criar um circuito de mobilidade especial para autocarros no acesso ao Castelo e entrada e saída do Centro histórico."-O CDS/MPT/PPM é ainda mais sucinto:"b. Alterar a ligação e os acessos ao castelo e ao convento."(Das outras candidaturas nada sei sobre o mesmo tema. Se têm propostas, por favor enviem para o meu mail: anfrarebelo@gmail.com) Perante isto e muito mais, que fica por dizer, eu é que sou demasiado severo, injusto mesmo? Que tal olharem-se ao espelho lá em casa?!
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