Humilhação para os tomarenses de verdade
DEVIDO À DEFICIENTE PREPARAÇÃO DA CANDIDATURA
UNESCO RECUSA FESTA DOS TABULEIROS
NO PATRIMÓNIO IMATERIAL DA HUMANIDADE
A situação não é nova. No último quartel do século passado, invejosos perante a inscrição do Convento de Cristo no Património da Humanidade, os senhores autarcas de Santarém acharam que era tudo muito simples. Bastava querer. Lançaram-se na candidatura da cidade a Património da Humanidade. Contrataram uma sumidade nacional, gastaram mais de 400 mil euros e até hoje, decorridas quatro décadas, nada conseguiram.
Chegou agora a vez dos tomarenses serem humilhados. Da mesma forma e pela mesma causa: autarcas incapazes de perceber certas coisas. Mas é melhor explicar em detalhe, pois a maioria que temos vai procurar desmentir, amparada na sua habitual tacanhez.
A intenção parece ser a de calar os poucos que estão "por dentro", retirando-lhes argumentos. Numa das páginas interiores do programa eleitoral do PS-Tomar, decerto por mero acaso em último lugar numa listagem de sete pontos, (ver imagem supra) aparece este texto, do mais pacífico que há: "Investir na ligação às cidades com Festas do Espírito Santo e construir nessa rede a candidatura a Património Imaterial da Humanidade".
O que isto significa é de uma gravidade extrema, que terá escapado mesmo a quem mandou incluir no programa eleitoral. Fico-me inicialmente por dois pontos, que me parecem os mais importantes. Mais tarde se verá se há para mais.
O primeiro ponto é que estamos perante uma confissão implícita do fracasso total da tentativa iniciada em 2019, para inscrever os tabuleiros no Património imaterial da humanidade, mediante um ajuste directo com um professor universitário alentejano, que custou 75 mil euros mais IVA. Dependendo de mais ampla investigação documental, pode-se até estar perante um caso típico de abuso de confiança, ou de peculato. Oxalá esta minha dúvida não morra solteira. Que haja um inquérito sério e imparcial, para todos ficarmos descansados enquanto pagadores de impostos.
O outro ponto pode vir a ser ainda mais grave. Implica que os tabuleiros nunca venham a ser reconhecidos como Património da humanidade. Isto porque é extremamente fácil ignorar deliberadamente um conterrâneo que estudou em França, mais precisamente em Paris, onde está a sede da UNESCO, o departamento da ONU que atribui a tal classificação, e que conseguiu, no século passado, a classificação do Convento de Cristo, logo à primeira tentativa, porque sabia o que tinha de fazer, e dispunha das relações necessárias.
(Ficam todos satisfeitos por banirem quem sabe, e vão mesmo murmurando por aí que "não precisamos do gajo para nada". O problema é que se calhar precisam mesmo, ainda que isso lhes possa desagradar e muito. Noutros termos: Ainda que não precisem, Tomar precisa de certeza.)
A questão é esta: De acordo com as minhas informações, de origem segura, a Festa dos Tabuleiros só terá alguma hipótese de vir a figurar na lista do Património imaterial da humanidade, (onde já estão os bonecos de Estremoz, a loiça de Bisalhães, o fado, a festa da flores em Campo Maior, e os chocalhos alentejanos), caso se valorize a sua componente pagã. Isto porque os países muçulmanos são maioritários e muito influentes na UNESCO, estando bastante renitentes em relação à inscrição de mais manifestações de culto católico. E as decisões são tomadas por votação maioritária.
Sucede que o texto supra reproduzido indica que os promotores da fracassada candidatura de 2019 foram induzidos a optar pelo caminho oposto: a união com outras manifestações de culto católico do Espírito Santo. Donde poderá resultar uma de duas coisas.
Ou se vai por aí, e a candidatura será anulada pelo cansaço, como aconteceu com a de Nimes, ao fim de dez anos, apesar do apoio explícito do presidente Macron.
Ou se consegue, apesar de tudo, a almejada inscrição, mas como Festa do Espírito Santo, sem qualquer referência específica aos tabuleiros.
Porque o problema básico ainda por equacionar é este: O Espírito Santo liga de facto Tomar a Torres Vedras, aos Açores, ao Brasil e a outros sítios. Mas qual a relação imagética entre os Tabuleiros, as Sopas do Espírito Santo, os Impérios e o Zumba meu boi? Os Açores têm a Sopa do Espírito Santo, mas não têm Tabuleiros. Tomar tem os Tabuleiros, mas não tem Sopas (não confundir com o Congresso da Sopa).
Estes assuntos, ou são confiados a gente íntegra, tomarense por dentro e por fora, culta, experiente e bem relacionada, tendo como único objectivo engrandecer Tomar, ou estaremos só a queimar dinheiro, para beneficiar alguns oportunistas, embora possa não parecer. E seremos mais uma vez humilhados.
Fica aqui o aviso, a ver se evitam vir a cair noutras balelas.
Pois é, mas eles é que pensam que estam no caminho certo, o problema é que nem eles nem outros, ao que chegamos em Tomar.
ResponderEliminarResta por agora aguardar a resposta dos eleitores, no próximo dia 26. Recuso-me a acreditar que estejam todos vendidos, de tal forma que já nem se indignem quando os interesses de Tomar não estão a ser devidamente defendidos, como é o caso.
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