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A mais velha ovelha ranhosa

Meu velho:

Dobraste o cabo dos oitentas. Posso por isso usar velho no seu duplo sentido: velho amigo = amigo antigo, velho = idoso. Escrevo-te porque me pareces cada vez mais afastado da realidade tomarense, embora pretendas e tentes alardear o contrário, daí do teu poiso tropical.

Terás já esquecido, atraiçoado por uma cabeça forçosamente cansada, que praticamente sempre foste a ovelha ranhosa do rebanho nabantino? Quando muito, durante algum tempo, chegaram a tolerar-te, mas mesmo assim na categoria de ovelha negra, num rebanho de exemplares brancos. Donde o palanque onde agora estás. Lêem-te, graças à net, mas com aquela atitude tão tomarense "Que se há-de fazer? Temos de o aturar. É tomarense como nós. E até escreve umas coisas. Mas é muito avançado. E imprevisível. Perigoso portanto para qualquer um".

Deu-te ultimamente para embirrar com a informação local, que realmente não vale grande coisa, quando comparada com outros órgãos informativos da região. Mas tu lembras-te de alguma vez a imprensa local ter sido boa? Sempre acompanhou o rebanho, com os mesmos balidos e o mesmo ritmo. Precisão a quanto obrigas.

Sobre o rebanho propriamente dito, em parte o "rebanho do senhor", enriqueceu-se nos últimos oito anos. Graças a manás de diversa proveniência, temos agora também o "rebanho da senhora". E até o que se pode considerar um pequeno milagre local. Uma ovelha fora do rebanho do senhor, que nunca frequentou missas nem ladaínhas, resolveu mandar recuperar a velha igreja matriz, (onde fomos ambos baptizados), uma tarefa legalmente da competência do governo de Lisboa, via DGPC. E que recuperação! Para acabar com algumas pequenas infiltrações, viram as coisas em grande. Só para escavações arqueológicas são 100 mil euros. É verdade, velho amigo. Cem mil brasas. Mais o milhão e meio para as obras propriamente ditas, é só fazer as contas, como disse em tempos o beato Guterres, outra ovelha negra, entretanto bem colocada em Nova Iorque, para descanso do Largo do Rato. 

É dinheiro de Bruxelas, dizem alguns carneiros de cobrição. Lá isso é, convenhamos. Mas só até 85%. E os restantes 15% quem paga? A câmara, pois claro. Só 320 mil euros, mais coisa menos coisa. Uma ninharia. Que é isso para engrandecer a casa do Senhor, numa altura em que se vê, sem margem para dúvidas, que não tem qualquer relação com caça ao voto? Quando a menos de cem metros ainda há esgotos da idade média e uma rede de água com mais de 80 anos?

Um dia destes veio-te à cabeça mais uma das tuas ideias loucas, e toca a avançar com ela. Falo de organizar debates a dois, frente a frente, olhos nos olhos, entre os candidatos autárquicos. Estás doido ou quê? Quem é que ia aceitar uma barbaridade dessas? Onde é que tu já viste semelhante coisa em Tomar? Ainda por cima com alguns moderados por ti? Ganha juízo homem! Assiste às 3 salganhadas já previstas e cala-te o mais silenciosamente que te for possível.

Infelizmente para a comunidade tomarense, apesar dos teus esforços e da abundante produção escríta, geralmente de qualidade, em 27 de Setembro e na melhor das hipóteses, contados os votos, vamos ter 3 PS, 2 PSD, 1 Chega e 1 CDS. Ou 3 PSD, 2 PS e assim. Business as usual, que é o que está a dar, graças à pronta, habitual e incondicional colaboração laranja/rosa ou vice-versa, para formar a necessária maioria absoluta. Até o Gualdim já se me queixou: -Se for assim, tirem-me daqui, que estou farto de ouvir parvoíces.

Excelente ocasião para pegar no gajo e pô-lo finalmente lá em cima, junto ao castelo, onde até já tem lugar marcado e tudo.

Um ABRAÇO,