domingo, 12 de setembro de 2021

 

Autárquicas 2021/Debates

UM DEBATE QUE NÃO FOI

Após sete horas de viagem, uma maleita ligeira e alguns problemas de computador, regresso ao contacto com os estimados leitores.
Ouvi parte do anunciado debate entre os sete candidatos, para confirmar aquilo que já aqui tinha escrito. Não houve debate nenhum, porque na realidade aquilo foi anunciado como debate, quando devia ter sido qualificado de apresentação dos principais argumentos de cada candidatura.
É claro que não há culpados, porque não houve qualquer irregularidade, nem intenção de enganar o eleitorado. Correu tudo como planeado, fora uma ou outra dificuldade com o som. Os organizadores deram o seu melhor, os moderadores esforçaram-se e estiveram bem. Cada um dos candidatos procurou brilhar. Todavia, como é obvio, ninguém consegue transformar um pastel de bacalhau num rissol de carne, e foi isso que inadvertidamente os organizadores tentaram fazer, ao optarem por um título que não podia corresponder à realidade.
Na minha tosca opinião de mais de meio século nestas coisas, aquilo que foi feito pode ser encarado de dois modos. No modo jornalístico, tratou-se de uma série de entrevistas fragmentadas. O moderador colocava um tema, ouvia um dos candidatos sobre o mesmo, e depois apresentava outro tema para outro candidato responder.
No modo institucional, pode dizer-se que se tratou de uma sessão da Assembleia municipal, com apenas sete deputados muncipais, a cada um dos quais o moderador, no papel de presidente do órgão, foi apresentando o tema a argumentar.
É claro que não veio daqui nenhum mal ao mundo. Tratou-se apenas de mais uma oportunidade perdida. Duvido que a maior parte dos potenciais eleitores tenha ficado mais esclarecida. Pelo contrário, com tanta e tão diversa  conversa, uma pessoa até tende a ficar baralhada.
Quando muito, ficou a saber-se que Anabela Freitas se mostrou, não só melhor oradora que Lurdes Fernandes (o que não era difícil), como até a melhor de todos os candidatos. O problema, para nós tomarenses, é a experiência demonstrar cada vez mais que os problemas da cidade e do concelho não se resolvem com oralidades, mas como muito trabalho, coragem, humildade e ideias novas. E isso não se viu, de todo.
O conclave (uma vez que o recinto estava fechado ao público, como sempre acontece com os cardeais na célebre capela, para escolher o novo papa), começou por abordar a debandada ou fuga da população, passou ao PDM, depois ao saneamento e finalmente à saúde.
Para não arranjar ainda mais inimigos de estimação, que confundem crítica honesta e impessoal, com má-língua e ataques pessoais, limito-me a um ponto preciso, que é o paradigma de todo o pretenso debate. Durante os diversos contributos para  o esclarecimento do PDM revisto, ainda a ser discutido e votado na Assembleia Municipal, a tónica não foi a necessidade de mais alterações ou a enumeração das falhas detectadas, mas tentar saber se o voto será a favor ou contra, dados os prejuízos evidentes que a eventual rejeição provocará.
Chegou a ser cómico, para não dizer burlesco ou ridículo, o espectáculo de alguns desejando votar contra mas apelando ao voto a favor porque... Tudo isto quando ainda nem se sabe sequer qual será a futura composição da Assembleia municipal. Por aqui se vê o calculismo, o oportunismo de boa parte das candidaturas, para as quais só interessam os lugarzinhos. O resto é dispensável.
Problemas de Tomar e do concelho? Que é isso? Onde estão, que dou já cabo deles.
Tudo isto numa curiosa cidade, com cada vez mais visitantes e menos habitantes. A dar a ideia que, se os visitantes soubessem da missa a metade, nem sequer cá punham os pés. Mas o mundo é cada vez mais assim. Até à derrocada final, os conformistas e os conformados estão cheios de razão. Eu é que sou um condenável alarmista.

3 comentários:

  1. Aquilo até deu sono, especialmente a Dra Lurdes Ferromau. Não entendo como o bloco não se apresenta com outro candidato, o enfermeiro Luís Santos é uma pessoa com muitas qualidades mas não tem jeitinho nenhum para os debates e para a politica. Gostei bastante de ouvir o Dr.Paulo Macedo mas não concordo com os seus ideais. O miúdo do Volt foi uma desilusão, não trouxe nada de novo. Quer este miúdo quer o Luís Santos limitarem-se a ler as cartilhas que traziam de casa. O Fernando Caldas Vieira também leu alguma coisa.

    O candidato Caldas Vieira esteve suficiente, não trouxe nada de significativo. Era o meu preferido e esperava vê -lo a atacar as políticas da Anabela Freitas com mais vigor. Pareceu-me que tinha receio dela. Esperava por exemplo que ele perguntasse á presidente quem eram os investidores da Platex, e inclusive se a Sra Presidente sabe o que é um investidor, qual a noção que ela tem de investidor e de investimento, esperava vê-lo rebater a ideia que em Tomar as casas são muito caras e que é necessário uma política de arrendamento a custos controlados, em Tomar há casas para todas as bolsas, novas e usadas, umas mais baratas do que outras. É como os carros, há novos e usados, uns mais baratos e outros mais caros. Quem necessita arranja aquilo que pode. A malta tem as casas no mercado, o agente imobiliário diz que vale 100 mil, Se não consegue vender tem de baixar o preço. Nós queremos que funcione o mercado, não queremos mais programas socialistas como casas com rendas a custos controlados. Também não entendo que a malta das empresas de informática trabalha em Tomar e vive nos concelhos limítrofes, como Ourém e Entroncamento, porque as casas em Tomar são muito caras. Então essa malta é toda altamente qualificada com bons ordenados e não tem dinheiro para viver em Tomar????!!!! O que dirão os trabalhadores do Lidl, Intermarché, Continente, etc....

    Esperava que naquele minuto final o meu candidato Caldas Vieira falasse directamente olhos nos olhos aos Tomarenses e lhes dissesse: "Eu vou olhar pelo vosso dinheiro, os vossos impostos vão ser bem gastos comigo. Eu vou aumentar a eficiência da câmara e das empresas municipais. Vou fazer mais com menos. Comigo os calōes estão tramados." Limitou-se a ler um papel a falar das freguesias. Foi uma desilusão completa. O Nuno Godinho esteve á vontade mas não trouxe ideias ao debate. Limitou-se a dizer coisas banais como nós temos uma grande equipa para fazermos um grande trabalho, temos de fixar a população, temos de arranjar habitação, etc... Foi pobre...

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  2. Foi mesmo muito pobre. O formato coloquial também não ajudou, mas a culpa não foi dos entrevistadores.. os candidatos deviam ter mostrado mais (se pudessem, claro)

    Sobre o PDM é incrível como a grande maioria (atrevo-me a dizer que ninguém o conhecia, nem tinha interesse em conhecer - excepto Anabela Freitas obviamente até pelas responsabilidades que tem no exercício).

    Dos cabeças de lista, estamos conversados- mas de propostas concretas isso gostava de ver.. já que não é nestes colóquios que se ouvem falar delas, ao menos nos programas eleitorais, mas não encontro nenhum.. será que só as apresentam 2 dias antes da votação?

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    1. E o que é que a Anabela Freitas sabia quando foi para lá? Nada!!! Ela própria disse na entrevista á hertz que andou ano e meio aos papéis. Fiquei estupefato quando ouvi a Lurdes Ferromau dizer que os alunos não podem estudar porque não têm fibra óptica!!!! Onde é que esta gente que tem cursos superiores, responsabilidades e ganha bem tem a cabeça?!!!!

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