quarta-feira, 29 de setembro de 2021

 


Política-sondagens-resultados

Errar é humano 
Não reconhecer os erros é parvoíce

Tenho lido as mais variadas explicações para o desastre das sondagens e outras previsões eleitorais em Lisboa. Problema das amostragens, sondados que não votaram, mudanças de opinião, nenhuma me convenceu. Pelo contrário, alertaram--me para um curioso fenómeno: há conclusões triviais por essa Europa fora, as quais ou são desconhecidas, ou omitidas em Lisboa. Parece ser o caso.
Qualquer bom manual sobre sondagens alerta para o perigo da opinião induzida. Ao saber ou suspeitar qual a resposta que o sondador deseja ouvir, a resposta mais conveniente, digamos assim, o questionado tem tendência a ir por aí. Não espanta portanto que, numa cidade e num país com a informação em geral controlada pelo PS, os cidadãos sondados tenham usado de hipocrisia. Disseram uma coisa e depois fizeram outra, ou disseram uma coisa que afinal não era uma opinião sincera, e depois abstiveram-se.
Há depois os jornalistas e comentadores avençados, os da gamela, que ficaram encantados com os resultados das sondagens e os difundiram ad nauseum. Vai-se a ver, saiu-lhes o tiro pela culatra. Agiram de forma a ajudar Medina a vencer. Acabaram por contribuir involuntariamente para a sua derrota, segundo os melhores comentadores, depois de conhecido o surpreendente resultado final.
Outro tanto aconteceu em Tomar, onde responsáveis socialistas alardearam satisfação, ao revelar o resultado de uma sondagem encomendada pelo PS: Tendência para 5 eleitos contra 2 do PSD, votação irrelevante para todos os outros.
Acertaram na votação irrelevante. Quanto aos 5-2, é melhor reverem as perguntas para futuros inquéritos. O PS só venceu porque os social-democratas, a exemplo de anos anteriores, apresentaram em Tomar uma lista redonda, liderada por uma senhora, decerto excelente como técnica de emprego, mas sem quaisquer qualidades para a política autárquica, a partir de um certo patamar. É  um exemplo flagrante do conhecido princípio de Peter: subindo à força, acaba por se atingir o nível da nossa incompetência. 
E parecem convencidos de que estavam e estão cheios de razão. Se calhar por causa do triunfo lisboeta. Não se dão conta de que estão a comparar Moedas de ouro, com moedas de latão, ou nem isso.
Uma nota final para a esquerda nabantina. Mesmo com a abstenção, os votos brancos e os nulos, a diminuir, levaram pancada de criar bicho. Porquê? Essa dos ataques da reacção, em Tomar não cola, porque não houve. Que tal admitir os erros?
Fazem-me lembrar um querido amigo a quem disseram "Olha para os óculos engraçados daquela americana", que logo respondeu "Qual americana?"

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