terça-feira, 7 de setembro de 2021

 




Política local/População/Economia/Decadência

Decadência tomarense: 
Uma das causas é o PDM

Apesar das várias candidaturas, com destaque para a socialista, não falarem sobre a hemorragia populacional (menos 10,4% em dez anos), a não ser para sacudirem a água do capote, começam a surgir indícios que tornam mais fácil identificar a causa ou as causas do nefasto fenómeno. Um deles é o excelente ensaio de Paulo Trigo Pereira (ex-deputado PS, e depois não inscrito, professor catedrático de economia e finanças, doutorado em Inglaterra), no OBSERVADOR:
Dele destacamos este excerto:
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População – "A primeira questão que merece ser colocada é esta: que população residente deseja que o município tenha daqui a oito ou dez anos? A diversidade de situações na última década é evidente com Cascais e Oeiras a crescer significativamente e Almada e Setúbal a diminuir. Para além de uma dinâmica económica geral que está a penalizar os municípios da margem sul é certo que os municípios têm, através do Plano Diretor Municipal e outros instrumentos, formas de, por um lado, controlar o crescimento populacional, por outro atrair emprego e população."
Atente-se no segmento frásico "é certo que os municípios têm, através do Plano Director Municipal e outros instrumentos, formas de, por um lado, controlar o crescimento populacional, por outro atrair emprego e população."
Portanto, ao fugir do assunto e enjeitar responsabilidades, Anabela Freitas está afinal a tentar escamotear a realidade tomarense: Um PDM inadequado e imprestável, porque mal imaginado e pior elaborado, é a principal origem da debandada populacional do concelho. Negar este facto é a pior maneira de encarar o futuro, porque só pode haver terapêutica eficaz mediante prévio diagnóstico acertado. O posicionamento da presidente constitui portanto outra causa do acentuado despovoamento concelhio, nestes dois mandatos socialistas
A confirmar a influência decisiva e nefasta do PDM agora caduco, vem uma vez mais a público uma das raras vozes livres do concelho. O independente Américo Pereira, presidente da Serra-Junceira, diz da nova versão do PDM, já votado favoravelmente pelo executivo, mas ainda a aprovar pela AM, aquilo que Maomé nunca disse da carne de porco, e mesmo assim os muçulmanos não a comem.
Convém ler e ouvir com atenção estas declarações desassombradas, e sobretudo não se deixar levar pela bela oralidade de Anabela Freitas, com frequência oca e enganadora. Como é lógico, tratando-se do governo local, que é eleito para gerir a cidade e o concelho da melhor forma possível, de maneira a obter resultados positivos, a Câmara é a principal responsável pela nossa cada vez mais evidente decadência. Apesar do clima "sempre em festa" e também por causa do "tudo à borla, que alguém há-de pagar". Nunca houve, não há, nem nunca haverá almoços grátis. As facturas vêm depois.
Aqui têm as declarações de Américo Pereira, para os fins que julgarem convenientes:
https://radiohertz.pt/tomar-americo-pereira-classifica-pdm-como-um-desastre-responsabiliza-ps-e-psd-e-nao-poupa-nas-palavras-contra-antunes-ferreira-foi-arrogante-e-prepotente

1 comentário:

  1. Revejo-me em boa parte nas declarações de Américo Pereira, não se sei premonitórias, mas pelo menos servem de alerta para os futuros decisores políticos

    A revisão do PDM acaba por espelhar o status quo das últimas décadas:
    - entregar o trabalho a Lisboa que eles é que sabem tudo sobre o que aqui se passa
    - só interessa a cidade "intramuros", o resto é matagal e indigentes
    - deixá-los fazer o trabalho sossegados, que eles é que sabem da poda e o que o povo quer é festas e concertos..

    É certo que o PDM "novo" tem várias limitações (quase tudo), isso é certo:
    - dados base, incorretos, desatualizados (seja cartografia, infraestruturas, património, etc - basta ver o que foi mais reclamado em fase de discussão pública e grande parte do trabalho ter sido feito há mais de uma década..

    - as projeções (atualizadas em 2019) de redução da população no concelho estão já muito erradas (a redução de população prevista para 2026 foi atingida em 2021 com os resultados dos censos...)

    Neste ponto não posso dizer se Antunes Ferreira foi arrogante e não quis sujar os sapatos.. não deveria a câmara ter exigido e criado condições para que todas as freguesias, associações fossem ouvidas? Fica a dúvida

    - falta de ambição na captação de novas atividades económicas/industria: não são planeadas novas áreas com dimensão adequada (o "novo" PDM considera a zona industrial Santa Cita, Pintado e uma nova em Vale dos Ovos), fazendo um total aprox. de 170 hectares..). O PDM de Ourém 2020 tem 7 (SETE) zonas industriais com total de 280 hectares (números redondos)
    Não me esqueço de um editorial de A. Madureira no JCT no inicio do ano, em que se questionava para que servia a zona industrial em Vale dos Ovos, que não fazia sentido, enfim..

    - no turismo, é uma pobreza franciscana quer na identicacao do patrimonio, na sua protecao e sua valorizaçao/ aproveitamento (mas queriam que alguem de lisboa soubesse alguma coisa da albufeira, do vale do nabão, dos caminhos de Fátima e Santiago, da barragem do cabril, do triunvirato Convento+Mata+Aqueduto (até às nascentes..)

    Por outro lado, vejo apenas 2 melhorias no PDM "novo":
    - a tentativa de concentração e definição dos principais aglomerados habitacionais, com controlo da dispersão habitacional que existe pelo território - sendo um concelho pobre num país pobre, não é viável economicamente sustentar casas isoladas no meio do monte (água, esgotos, redes viárias, rsu's , incendios, etc..).
    Claro que os pequenos aglomerados com o tempo irão definhar.
    MAS se no futuro não houverem investimentos neste núcleos "reforçados", na melhoria da qualidade de vida e dos serviços prestados, então também essas aldeias definharão..

    - substituir o PDM de 1994 (não é coisa pouca)

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