domingo, 5 de setembro de 2021

 


Política local/Autarquia/Eleições 2021

Pergunto ao vento que passa notícias do meu país...

Estão agora bem longe, felizmente, aqueles tempos da emigração clandestina em massa. Quando Manuel Alegre, exilado em Argel, escrevia "Pergunto ao vento que passa/Notícias do meu país/O vento cala a desgraça/O vento nada me diz". Agora já há muito que não há emigração clandestina e os meios de comunicação são outros, muito mais aperfeiçoados. Mas continua a ser sina de quem está longe querer saber notícias do seu país, da sua terra.
As mais recentes notícias provenientes de Tomar, trazidas não pelo vento que passa, mas graças a gente amiga, não são tão animadoras quanto eu gostaria. Falo naturalmente e só da situação política local.
Ao que consta, a maioria PS, que já sabemos alérgica à crítica, maniqueista e pouco habituada à contestação, chegou a estar convencida de que a próxima campanha eleitoral ia ser um simples passeio triunfal. Ao constatar na prática diária que se tinham equivocado, que afinal as coisas não estão nada confortáveis para ninguém, sobretudo para os instalados, alguns membros socialistas do executivo terão começado a entrar em burnout (desculpem o anglicismo, mas temos de ir acompanhando o progresso). E as asneiras aumentaram.
Refere quem está por Tomar que o concerto dos Quinta do Bill, em vez de ser uma excelente promoção eleitoral, se transformou no exemplo flagrante da falta de gabarito e de capacidade organizativa da actual maioria socialista. Terá havido de tudo: erro na escolha do local, batota na distribuição de bilhetes, pessoas com bilhetes que não puderam entrar, por terem chegado atrasadas, público em geral mantido de forma arbitrária demasiado longe do recinto, sem que se perceba porquê, má vontade, nervosismo, arrogância, autoritarismo escusado, etc, etc etc.
Foi uma situação excepcional, temos de ser tolerantes. Pois foi. Pois temos. Mas será adequado mostrar-se sempre tolerante perante intolerantes que usam a sobranceria como único estilo de diálogo e o quero posso e mando como método de governação?
Qualquer que seja a resposta, convém ter em conta depois uma outra ocorrência lamentável, que nada tem de excepcional, uma vez que aconteceu em plena reunião ordinária do executivo camarário. Um cidadão mais afoito e menos informado resolveu ir à sessão pública da câmara, para apresentar as suas razões, pedir informações e solicitar providências para um problema em que está envolvido.
Fez mal. Diz quem assistiu à referida reunião que o citado cidadão foi tratado com pouca ou nenhuma cortesia e intimidado, pouco faltando para o insultarem directamente. Tudo isto num clima muito semelhante ao de um tribunal da inquisição. Apesar da gravidade, acrescenta a nossa fonte, o evidente massacre verbal não provocou qualquer reacção de apoio ao cidadão por parte da oposição. Foi tão triste que até terá provocado o abandono da sala por parte de alguns eleitores que assistiam.
É isto a democracia à moda de Tomar? "O povo é quem mais ordena", não passa afinal de um painel de azulejos a enfeitar a escadaria dos Paços do concelho? A ameaça do falecido Jorge Coelho, "Quem se mete com o PS leva", passou a ser política autárquica corrente em Tomar? A oposição  PSD já desistiu?
Não é assim que se governa na Europa ocidental. Não é assim que se ganham eleições, integrando listas do partido fundado por Mário Soares. 
Basta! (Se usasse outro vocábulo, iam acusar-me de estar a apoiar determinado partido.)

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