domingo, 19 de setembro de 2021

 


Autárquicas 2021

A VÁRZEA GRANDE 

E OUTRAS DESGRAÇAS

A tosca e manhosa seita difusora da propaganda socialista a nível local, a mando de quem sabemos, resolveu difundir a ideia de que tenho algo pessoal contra a actual maioria autárquica, a sua líder, e/ou o PS em geral. Trata-se de uma habilidade bem conhecida dos "opinion makers", os agora chamados influenciadores. Desacreditar quem critíca, permite no mínimo desviar o foco e, idealmente, anular o efeito das opiniões negativas.
No meu caso, quase acertaram, embora errando. Nada tenho em termos pessoais contra os integrantes da maioria que nos devia governar, mas desgoverna. Apenas discordo totalmente da política que têm vindo a seguir. Trata-se portanto de questões políticas, só políticas, e não pessoais.
As minhas divergências resultam de dois aspectos bem concretos da acção da maioria PS tomarense -o negacionismo implícito e a cegueira- ambos incompatíveis com a herança política de Mário Soares, Salgado Zenha ou Manuel Alegre.
O negacionismo à moda de Tomar é bem conhecido. A maioria PS nunca assume ser responsável por qualquer coisa menos decente. Poluição do rio? Não somos culpados. Fuga da população? É um fenómeno geral. Não podemos fazer nada. Má gestão no Convento de Cristo? Não depende de nós, mas da DGPC. Falta de estacionamento no núcleo histórico? A culpa é do PSD, que não soube preparar o futuro. Lentidão excessiva na revisão do PDM? Não temos culpa. A burocracia é muita. Temos de reportar a mais de 50 organismos. Parque de campismo? Foi o malandro do Paiva que o mandou fechar. Podia continuar, mas para quê? Em Tomar, o negacionismo é uma atitude mental, nas suas duas vertentes, explícita e implícita.
Dessa atitude mental persistente, resulta a outra, a cegueira. Cometem as piores asneiras no exercício das suas funções, podendo desculpar-se depois com a ridícula argumentação do cego algarvio, a quem a assistente social aconselhava mais cuidado, uma vez que ele já tinha nove filhos. -O que é que a srª drª quer, um homem não vê o que está a fazer!
Deixando a parte humorística, o caso dos autarcas tomarenses é bem mais grave. Não querem ou não conseguem enxergar as consequências daquilo que vão fazendo.  A tal cegueira, deliberada ou não.
Vejamos um caso concreto. Segundo a doutrina de Keynes, uma boa injecção de investimento público (como por exemplo a actual bazuca europeia), provoca a retoma da actividade económica, a qual, por sua vez, aumenta a arrecadação de impostos por parte do Estado, e assim sucessivamente. Mas convém, segundo o mesmo economista, que o investimento público vá financiar actividades criadoras de valor acrescentado, na medida do possível, dada a missão social do Estado.
Que significa isto em Tomar? Que manifestamente a Câmara que temos não sabe nem sonha o que seja desenvolvimento económico induzido, dinheiro versus capital, ou valor acrescentado, criação de riqueza, mais valia ou lucro.
Vamos a uma situação concreta. Com a cidade e o concelho a definhar, é óbvio que as pessoas emigram em busca de melhores condições de vida. Logo, em Tomar essas condições não existem, em quantidade e qualidade. Que fazer então para as reconquistar? Baixar impostos, reduzir a burocracia, dar facilidades aos investidores.
Em vez disso,  que pensa a actual maioria? Mandar construir, naqueles terrenos junto ao Convento de S. Francisco, um gigantesco complexo administrativo, para albergar todos os serviços administrativos municipais. Valor acrescentado da operação? Nenhum, após a construção. Mas os senhores autarcas ficarão protegidos no seu casarão, sem que o povo ou  os funcionários os vão incomodar.
Simples devaneio momentâneo? Que não, que não! Temos o caso da Várzea grande, como paradigma. Na origem, a ideia era acabar com o piso esburacado e portanto com o estacionamento automóvel naquela superfície. Seguindo a lógica mais elementar, tratar-se-ia de fazer um parque de estacionamento subterrâneo de 500 lugares e arranjar a superfície, eventualmente substituindo algumas árvores, fazendo instalações sanitárias decentes e adequadas, mas mantendo o piso de terra batida, que sem carros deixaria de ter buracos, e permitiria a continuidade da Feira de Santa Iria, no local onde sempre foi.
Se assim se tem feito, haveria agora as seguintes vantagens:
-Feira anual de Santa Iria e outras manifestações no local próprio, todas a facultar receitas;
-Estacionamento para residentes e visitantes, com a importante receita anual
-Melhoria das condições de acolhimento dos turistas, facultando-lhes onde estacionar e possibilitando-lhes a visita do centro histórico e eventual estadia posterior.
Em vez disso, espatifados mais de três milhões de euros de investimento público, o que temos agora? Uma coisa que não serve para nada, não faculta qualquer valor acrescentado, e que, pelo contrário, implica despesas anuais de manutenção, sem qualquer compensação. Mas está muito bonita, lá isso está!
É isto uma boa administração municipal, capaz de reerguer Tomar?
No próximo dia 26, antes de votar, lembre-se do desastre da Várzea grande e dos 10,4% da população que já se foram embora. Porque por este caminho, a sua vez também pode chegar, quando menos se espere, e mais vale prevenir que remediar.

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