segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

População

COMPARANDO PARA TENTAR PERCEBER

Começo por relembrar que ninguém é obrigado a ler este blogue. Ça va sans dire, mas encore mieux en le disant. Só abre e lê quem quer. Não há portanto razão para se sentirem ofuscados, lá porque eu escrevo todos os dias e outros não conseguem. Façam o favor de ter paciência. Também há quem beba vinho todos os dias, por vezes até em excesso, e não me sinto nada incomodado com isso, apesar de não beber há mais de 50 anos. Por conseguinte, "ponham-se finos" como recomenda o Pedro Nunio.
Na sequência da crónica anterior, sobre o reducionismo e o caso tomarense, pus-me a cogitar ser possível que haja uma relação causal entre a governação e os movimentos de população. Fui ver. Comparei Abrantes, Tomar e Ourém, por estarem próximos, integrarem a mesma comunidade intermunicipal e terem mais de 30 mil habitantes cada uma.
Além disso, Abrantes sempre teve governantes do PS, excepto entre 1989 e 1997, dois mandatos do PSD. Já Ourém é o exemplo oposto. Sempre governada pelo CDS e PSD, menos entre 2009 e 2017 , dois mandatos socialistas. E vem finalmente Tomar, por assim dizer uma autarquia centrista, com 7 mandatos PSD,  contra 6 do PS.
Quanto a população, Abrantes registava 35.886 eleitores, em 1976, tendo atingido um máximo de 41.651 em 1997,  no início do 2º mandato após a recuperação em relação ao PSD. A partir daí tem sido sempre a descer, apesar das confortáveis maiorias socialistas locais, para registarem apenas 31.501 eleitores em 2021. Menos 4.385 que em 1976, 45 anos antes.
Caso diferente é o de Ourém, "por causa de Fátima", pensarão as luminárias do costume. De apenas 27035 eleitores em 1976, Ourém foi crescendo, alcançando 43.907 em 2009, no início do primeiro mandato PS. Depois tem sido sempre a descer, mas devagar. Tinha 40.870 eleitores em 2021, menos 3.037 que em 2013, mas mais 13.835 que em 1976. Não é pouca coisa.
A situação tomarense é algo mais complicada,  e menos transparente, tal como a autarquia. Em 1976, há 45 anos, tinha 32.438 eleitores, um pouco menos que Abrantes e bastante mais que Ourém. O tempo foi passando e as pessoas também, umas vezes PS, outras PSD. De tal forma que o crescimento populacional nabantino foi mais modesto e durou menos. Registou um máximo de 40.906 eleitores em 1997, num primeiro mandato de novo ciclo PSD, e a partir daí tem sido sempre a descer. Há agora 33.892 eleitores no concelho, um pouco mais que em 1976, mas um acréscimo de 1.454 eleitores em 45 anos, sendo melhor que o desastre abrantino, não é mesmo assim resultado que se apresente como bom.
A concluir, em 16 anos de governação PSD, o concelho nabantino perdeu 3.596 eleitores, entre 1997 e 2013. Com a governação PS actual, as coisas pioraram um bocadinho, com menos 3.418 eleitores em apenas 8 anos, contra os 16 do PSD.
Fica este registo, para o que possa servir, recomendando-se a respectiva leitura sem óculos partidários.


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