Arquitectura e comportamento
Tomar - Capital do manuelino
Vemos por aí "Tomar - Cidade templária", como ex-libris da cidade, mas também podia ser "Tomar - Capital do manuelino", com inteira propriedade. Há os Jerónimos, é certo, mas aquilo é manuelino renascença. Plateresco, portanto. Só o manuelino tomarense é mesmo português. De tal forma que até influencia o comportamento dos tomarenses e dos visitantes, e de que maneira.
Reparem, por exemplo, em cada tabuleiro, óbvia reprodução em miniatura dos botaréus do Coro Alto, com os anjos ou o D. Manuel I substituídos pelos pães. (ver imagem). Ou no recente incidente no Rio Bar, com contornos muito manuelinos. Pelo menos um cidadão visitante ocasional, resolveu agredir dois outros cidadãos, militares da GNR, igualmente de fora da terra. Dá que pensar, não dá? Comérico ilícito, ajustes de contas, marcação de território...
Normalmente, ocorridos os factos lamentáveis e chamada a autoridade, esta devia ter comparecido. Mas tal não aconteceu, devido a uma alegada falha de conexão. Um transponder que não terá funcionado bem. Ou terão sido os bombeiros, que compareceram mas se esqueceram, por terem ou não instruções nesse sentido?
Seguiram-se dois dias, com a informação a garantir que os agressores estavam identificados, mas sem esclarecer se estavam ou não a ser procurados. Entende-se. Os fins de semana são para todos descansarem. Salvo ocorrência imprevista e grave, o que pelo jeito não era o caso.
Finalmente na segunda-feira, mais de 50 horas após as agressões, um dos suspeitos identificados entregou-se às autoridades. Não à PSP ou à GNR, porque essas estavam implicadas, de uma maneira ou de outra. A PSP porque não compareceu, ao não ter sido contactada; a GNR porque os agredidos são seus militares.
À priori fino conhecedor destas coisas, porque já com antecedentes na ficha respectiva, o delinquente entregou-se à terceira força -a Polícia Judiciária- que não estava implicada. Em Aveiro, a mais de cem quilómetros do local do crime porque, ao que foi escrito, tem residência em Cacia, a 6 quilómetros.
Foi depois transferido para a PJ de Leiria, e daí para o Ministério público do tribunal de Santarém. Tudo muito simples e linear, como se vê. E mesmo assim, houve manifesta boa vontade do prevaricador. Podia muito bem ter-se apresentado à Polícia Marítima da Aveiro, pois como escreveu o imortal Pessoa "A minha alma é só de Deus, o corpo dou eu ao mar." Somos todos cidadãos de estilo manuelino e não há nada a fazer, salvo aceitarmos essa condição, com o usual ar trágico no rosto. Mesmo se gostamos também de rir, para disfarçar...
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